terça-feira, agosto 25, 2015

Ouvir

Antes de parecer teologicamente fácil ser pedras vivas, entendamos como foi biograficamente difícil para Pedro aprender esta lição na pele.

O sermão de Domingo passado pode ser ouvido aqui.


segunda-feira, agosto 24, 2015

Quando Roma vai à frente
Nos Estados Unidos os tempos são de resistência ao aborto. Por que é que a nossa comunicação social não diz nada sobre o assunto? Pois.

Houve manifestações este Sábado passado por todo o país. O pastor baptista John Piper partilhou algumas palavras sobre o dia, que julgo muito úteis para nós, evangélicos em Portugal.

"Não é segredo que a Igreja Católica Romana tem sido a espinha dorsal do movimento pró-vida ao longo de quarenta anos. Agradeço a Deus por esta clareza perseverante em relação à realidade e dignidade da vida humana dos que ainda não nasceram. Não sou um Católico Romano, mas coloquei-me alegremente ao lado deles nesta causa comum de justiça pelos que ainda não nasceram. Quando for o tempo certo, teremos as nossas discussões vivas e agressivas sobre o sacrifício da missa, a regeneração baptismal, e a preciosa doutrina da justificação pela fé. Mas cada coisa tem o seu tempo. Esta manhã o assunto era: Deus está a tecer vida humana à sua imagem dentro do útero; não matem o que ele está a criar.

A minha impressão é que o número de Católicos era minoritário. Talvez eles nos dêem esse benefício uma vez que temos muito trabalho em atraso em relação a eles."


 

quarta-feira, agosto 19, 2015

Ouvir

O facto de tantos cristãos não pedirem a Deus para amarem mais os seus irmãos só significa que estes cristãos não amam Deus como deve ser.

O sermão de Domingo passado, chamado "O amor e a obediência crescem juntos", pode ser ouvido aqui.


segunda-feira, agosto 17, 2015

Great!
O Pr. René Breuel (escrevi sobre ele aqui: http://vozdodeserto.tumblr.com/post/122752043869/o-paradoxo-da-felicidade) enviou-me um texto sobre o meu livro do casamento. Fantástico! Leiam-no aqui em baixo (ou no lugar original: http://wonderingfair.com/2015/08/03/marriage-is-a-call-to-transformation/).

Marriage is a call to transformation

This past month I read a fascinating book on marriage. It was the sort of pleasurable, impulsive reading you do not because you have to but because that’s the book you want to read right now. Reading for the soul.

It was a more personal kind of reading too, for I had the opportunity to first meet the author of the book during a visit to Lisbon in June. I took part in a conference which hosted two panel discussions on the spiritual landscape of Portugal. Tiago Cavaco spoke on both occasions. He’s a curious figure at first – a pastor in Lisbon who is also a well-known blogger and leader of a heavy-rock band. This set of experiences grants him an out-of-the-box perspective, and it showed at the panel discussions: he poured forth fascinating insights and analysis which debunked stereotypes and asked still harder questions.

That’s a guy I need to know, I thought. Later we met, we exchanged our books, and I flew back to Rome reading and underlining his book on marriage.

Fascinating. In English its title would go something like Happily Ever After, and other Misunderstandings about Marriage. Each chapter deconstructs common conceptions about marriage, such as the moon is made of honey or marriage needs good husbands and good wives, and proposes a healthier view. Consider, for instance, this turning of the tables:


"The happiness of marriage seems to be rooted in the capacity it has to transform us … more than wanting to make us happy, marriage wants to make us new… When marriage is valued for the transformation it brings, we stop having our spouse as adversary and start having ourselves as adversaries… it becomes a calling to my own transformation."

This is such an insight. Marriages can’t flourish out of self-centered postures. However romantic the notion may seem, to hope that marriage will make us happy yet not transform us is impossible. The happiness a good marriage engenders is precisely the happiness of transformation in the context of a bond of love. It is the difficult but ultimately thriving metamorphosis into a life lived in two, into being centered on the other, into seeing myself as the obstacle to be overcome. The opposite posture – I’m in as long as this relationship is pleasurable but doesn’t ask much of me or call me to change – is the recipe for a me-against-you relationship where spouses don’t find the deeper waters of self-giving, sacrifice, and soul intimacy. It remains a bond forged by shared duties and distractions. It remains a half-baked union of individuals reticent to let go of their autonomies. It remains a marriage based on a selective shadow of self-giving love. And that’s not much of a balm.

"What marriage requires is a promise that we will be in the Future what we are not yet in the Present: spouses…. When we promise to be faithful to someone the most unknown person present is not the one to whom we promise: it is ourselves. We don’t quite know who will we be in the future and yet we propel ourselves toward it. Notice how daring that is. Or, from another angle, how creative. The Christian faith rests in in the confidence that men and women are called to make promises to learn something else about themselves."

Marriage is a call to personal transformation.

René Breuel


sexta-feira, agosto 14, 2015

Agosto em Oeiras


quarta-feira, agosto 12, 2015

Ouvir

Podes ter confiança em Deus precisamente porque ele te dá confronto. O facto de Deus nos acusar é o gesto de amizade que os nossos amigos não conseguem.

O sermão de Domingo passado chama-se "Um Deus adversário faz mais por nós que os nossos amigos" e pode ser ouvido aqui.

terça-feira, agosto 11, 2015

Deus não deu mais uma doente ao hospital mas uma missionária

No Domingo passado a Irmã Zuleide Teixeira visitou a nossa igreja. Como tem estado frequentemente na nossa lista de oração, demos-lhes a oportunidade de partilhar uma palavra. A congregação ouviu um testemunho simples mas poderoso do que significa na prática ser cristão. Foi simples porque a Irmã Zuleide não precisa de sofisticar as coisas para lhes dar autenticidade. E foi poderoso porque ser cristão nos dias bons é fácil, mas ser cristão nos dias maus é que é. E os últimos tempos têm sido árduos para a Irmã Zuleide. Um cancro levou-a a ver os seus dois peitos serem-lhe removidos. Está no meio de processo de terapia.

Conhecemos a Irmã Zuleide há cerca de 5, 6 anos. Na altura, a minha família ganhou amizade pelo Alex, seu filho. Hoje muitas pessoas conhecem o Alex porque ele é uma estrela emergente da cena musical portuguesa. A quem conhece o Alex salta à vista as características que fazem dele um miúdo que dá show como poucos. O Alex é dos escassos músicos que conheço que dá tudo quando tem uma multidão de milhares à frente, e que dá tudo quando tem apenas seis gatos pingados. Sei disto porque o testemunhei nos tempos dos gatos pingados. O que poucas pessoas saberão é que boa parte da força do Alex é assinada com o nome da sua mãe. Sempre que este filho vos tocar o coração, agradeçam à mãe dele.

É preciso entender o que Deus está a fazer com a doença da Irmã Zuleide. A minha convicção é que, no meio de um processo cheio de dor, a estratégia divina não é de rendição ao sofrimento. Antes pelo contrário. Com as aflições da Irmã Zuleide, Deus não enviou mais uma doente para o hospital mas uma missionária. O testemunho dela tem sido corajoso e comovente. Há pessoas que começam blogues por muitas razões, geralmente associadas à demonstração pública de algum talento. Vejam bem - a Irmã Zuleide resolveu criar um blogue (http://blogdatiazu.tumblr.com/) para a demonstração pública da confiança que ela tem em Deus numa altura em que o mundo lhe aconselha o oposto. O mundo diz-lhe: onde está Deus quando o sofrimento chega? A Irmã Zuleide diz: agora que o sofrimento chegou, tenho a certeza que Deus está comigo como nunca esteve antes.

Em termos técnicos esta questão chama-se teodiceia - como é que Deus pode continuar a ser bom permitindo que o mundo que criou tenha mal? Como pastor, estou habituado a tratar do assunto e a safar-me nele razoavelmente com as palavras. Mas quando li um dos primeiros mails que a Irmã Zuleide enviou a seguir à cirurgia, senti-me minúsculo. Dizia assim: "Quando acordei, no dia seguinte a cirurgia, me vi sem as duas mamas, chorei muito, muito, muito. Posso dizer na primeira pessoa: NÃO É FÁCIL! Aí, nesta hora, entra em acção o Espírito Santo, enchendo o nosso coração de muita Paz e consolo. Tenho a plena consciência que esta, PAZ que enche o meu coração é fruto do vosso clamor em meu favor. E se eu estou de pé, é só pela graça do Pai." Será que eu, que estou cheio de teologia, seria capaz da mesma demonstração de confiança em Deus numa circunstância semelhante?

A presença da irmã Zuleide no hospital não é tanto parte do problema de um mundo que sofre - embora também o seja! A presença da Irmã Zuleide no hospital é mais parte da solução para um mundo que sofre. Porquê? Porque o sofrimento da Irmã Zuleide no hospital não exprime apenas o sofrimento dela - acaba a exprimir também o sofrimento de Cristo. É por isso que tantos cristãos se comovem com a Irmã Zuleide. Eles sabem que, na prática, ao verem a Irmã Zuleide eles acabam a ver também o salvador dela e deles. A Irmã Zuleide está a viver algo parecido com o que Cristo viveu e está a lidar com o assunto da mesma maneira que Cristo lidou. Se ver isto não nos toca, nada nos toca.

A melhor notícia é que, como o resultado final do sofrimento de Cristo não termina na cruz, o resultado final do sofrimento da Irmã Zuleide também não termina no hospital. A ressurreição que valeu Cristo é o mesmo remédio final que valerá a Irmã Zuleide. Aquilo que parece uma grande tragédia torna-se uma grande vitória. Porque a doença não tem a última palavra na vida da Irmã Zuleide - a ressurreição é que tem!

Esta esperança na ressurreição não significa que os cristãos doiram a pílula, fazendo das coisas más um pretexto para virtuais coisas melhores, e se rendem à doença. Não. A Bíblia ensina-nos a procurar a cura para as nossas doenças. Isto vê-se no modo como os cristãos acolhem e encorajam os progressos da medicina, e no modo como os cristãos não confiam apenas nos progressos da medicina - através da oração expõem-se à possibilidade de Deus nos livrar das doenças através de uma intervenção sobrenatural, de um milagre. É isso que também fazemos pela Irmã Zuleide. Continuamos a orar pela cura dela. No fim, quem decidirá é Deus. No meio, somos nós aqueles que somos enriquecidos pela fé da Irmã Zuleide. É uma dádiva. Orem por ela!


segunda-feira, agosto 10, 2015

Sayão ajuda-nos a pensar melhor

Se Deus quiser, dentro de alguns dias vou estar a fazer uma pequena entrevista ao Pr. Luiz Sayão na Conferência Bíblica de Água de Madeiros. Para quem não conhece, o Pr. Luiz Sayão é um teólogo e pastor baptista brasileiro, tendo no hebraico uma das suas áreas de especialização. É difícil ouvi-lo e não guardar a experiência na memória. Desde que o fiz no ano passado, que o tenho citado nuns quantos sermões, sobretudo pela lição que dele colhi acerca da necessidade do descanso. Foi o Pr. Luiz Sayão que melhor me fez entender que não acolher o Domingo como um dia de repouso é, no fundo, não abdicarmos de nos comportarmos como se fôssemos omnipotentes. Quem manda nesta geringonça é Deus por isso descansar é uma questão elementar no cristianismo.

Acabei de ler um pequeno livro dele chamado "Cabeças Feitas - Filosofia Prática Para Cristão". É um volume de menos de 80 páginas que é mais uma aula que propriamente um livro. Mas é uma aula útil. E lê-se num instante. O objectivo central é contrariar a tendência persistente de anti-intelectualismo que grande parte do meio evangélico brasileiro continua a acolher. Os portugueses podem dizer, com razão, que o mesmo nos assiste. Mas temos de conceder que a circunstância brasileira é mais intensa. O Brasil, que é quase um continente, mete-nos debaixo do braço.

Ainda assim quero fazer um à parte. É fácil achar que os evangélicos são pessoas de pouco cérebro. As caricaturas assim nos informam. Mas esta é uma simplificação que, virtualmente, encaixa em qualquer tradição cristã. Se, por exemplo, nos especializássemos em monitorizar o que dizem aqueles que se dizem católicos romanos será que encontraríamos posições esclarecidas acerca da fé que dizem professar? Sinceramente, não só duvido que fosse diferente como, perdoarão a minha honestidade, seria ainda pior. O catolicismo romano, com muito espaço para "praticantes" e "não-praticantes" é terreno ainda mais fértil para para uma ignorância que também pode passar por anti-intelectualismo. Os evangélicos não estão sós na tarefa de precisarem de pensar mais.

Quem lê o Pr. Luiz Sayão rapidamente repara que esta é uma das suas vocações: pôr os cristãos a pensar mais. Os seus livros não procuram um aprofundamento das questões a um nível académico. Os seus livros procuram um aprofundamento das questões ao nível do cristão vulgar. Não é uma tarefa fácil mas é, sem dúvida, uma tarefa muito necessária. Com "Cabeças Feitas - Filosofia Prática Para Cristão" o objectivo continua a ser esse: "a ignorância torna-se factor cúmplice da exploração do homem pelo homem. (...) [e] Se não compreendermos o homem de hoje e não soubermos relacionar a fé cristã com a cultura e a maneira de entender a realidade perderemos a batalha que Deus nos tem dado (pág. 6)."

Sayão começa por reconhecer que a única vez que a palavra "filosofia" aparece na Bíblia é em Colossenses 2:8 ("Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo."). E nessa única vez o contexto não é positivo. Isso não quer dizer que a Bíblia tem uma perspectiva negativa da filosofia. A prova é que noutras ocasiões o Apóstolo Paulo demonstra conhecimento das correntes filosóficas do seu tempo para com elas poder dialogar (Actos 17:8). Adicionalmente, o cristianismo não se desenvolveu historicamente levantando uma bandeira contra a filosofia. Quanto estudamos os últimos dois milénios reconhecemos sem dificuldade que grande parte dos filósofos que influenciou decisivamente o pensamento ocidental se identificou com a fé cristã. Ser cristão no Século XX e no Século XXI e ter má vontade com a filosofia é tratar muito mal todos os outros séculos.

A relação entre teologia e filosofia não só é possível como, para os cristãos, inseparável. Um cristão não ganha coisa alguma por achar que a Bíblia tem a pretensão de nos ensinar acerca de todos os assuntos. "A Bíblia não foi escrita para revelar todas as coisas. Ela nos fala principalmente daquilo que Deus nos quis revelar sobre seu plano de redenção da humanidade (pág. 11)." Nesse sentido, cabe às duas complementarem-se, reconhecendo cada uma o objecto para cada qual foi chamada. Claro que isto não resolve todas as questões que podem nascer desta relação, mas ao menos ajuda a que teologia e filosofia possam viver num estado de amizade e não guerra.

De seguida, Sayão faz uma digressão pelos terrenos essenciais da filosofia - pelas questões da lógica (os raciocínios de dedução e indução); as questões da teoria do conhecimento (quais são e como actuam as nossas faculdades cognitivas, qual a natureza do conhecimento, e qual a relação do conhecimento com a realidade; bem como as escolas históricas de racionalistas e empiristas); as questões da metafísica e da cosmologia (por que é que as coisas são em vez de não serem?; ser alguma coisa representa a essência de alguma coisa independente de nós?; bem como o abandono histórico da metafísica após Kant); as questões da ética (a ética é intrínseca à existência humana ou uma construção possível dela?; bem como os desenvolvimentos históricos das teses teleológicas, deontológicas ou situacionais); as questões da linguagem (a relação entre o conceito significante e a sua expressão fonológica de significado); as questões estéticas (a arte como mimesis, como criação, como pedagógica, como metafísica, ou como autónoma); as questões religiosas; e as questões históricas.

Depois executa um esboço histórico da filosofia bem curto e conciso. Finalmente, aplica a pertinência do assunto ao tempo de agora. A nossa tarefa de pensar bem tem de se adequar ao facto de vivermos numa cultura pluralista, com apreço pelo irracionalismo (não no sentido de ser uma cultura que promove o absurdo mas no sentido de ser uma cultura que duvida da razão), pelo determinismo, pelo misticismo, pela alienação erótica, pelo individualismo, pelo consumismo, e pelo cinismo. Por fim, elabora algumas propostas práticas para os cristãos terem uma cabeça mais saudável.

Que propostas são essas? Em primeiro lugar, os cristão precisam de reconhecer que, não sendo racionalistas, acreditam que a razão foi criada por Deus para ser usada por nós. Em segundo lugar, "precisamos de reconhecer as necessidades de agora para não pregarmos para quem já morreu (pág. 52)". Em terceiro lugar, precisamos de resgatar a ética na nossa fé. Em quarto e último lugar, precisamos de uma postura de vida e um atitude sábia ("algumas coisas que fazemos para Deus, nem o diabo aceitaria (pág. 53)"). Temos muito trabalho para fazer para termos cabeças a pensar melhor. A ajuda de Sayão é um bom ponto de partida.


sexta-feira, agosto 07, 2015

Isilda Pegado
Quando regressar de Água de Madeiros quero ver se pego no assunto da Isilda Pegado. Raramente vi uma campanha de destruição pública de carácter tão eficaz e rápida como esta. No entanto, também não ajuda a reacção da própria, escusando-se da suposta acusação de ser conservadora (na Revista Sábado). Quem manda na tua boca, manda no teu corpo todo. Conservadores com medo da palavra conservador não são pessoas livres, são bichos açaimados.

sábado, agosto 01, 2015

Agosto

Não sei como será Agosto em termos de actualização do blogue. Vamos passar duas semanas em Água de Madeiros, no Acampamento Baptista. Vou mais descansado para lá por ter terminado agora a Divina Comédia. Foram quase oito meses a ler. Criei um blogue só para o efeito: Lendo a Divina Comédia.

Entretanto, deixo já um cartaz com os nomes confirmados para o Fim-de-Semana Cheio na Lapa. Este ano a coisa será ainda melhor, se Deus quiser. Mais nomes e mais vontade de ter conversas realmente interessantes. Coloquem na vossa agenda para virem ter connosco. Vai valer a pena!

De resto, vão passando pelo twitter. O twitter faz-me lembrar os blogues em 2003. Não é saudosismo, é emoção em concentrado. See ya in the pit!