quinta-feira, maio 31, 2012

Soba Lobi
Há um ponto de situação necessário a fazer em relação aos Pontos Negros. Gostar do "Soba Lobi" em detrimento do "Pequeno-Almoço Continental" é um erro porque o "Pequeno-Almoço Continental" era um bom disco. Não era um grande disco mas era um bom disco. Insistir no "agora sim, voltaram ao bom caminho" é um disparate e, parece-me, uma concessão mariquinhas ao hype. Como que sugerindo, "ouçam os Pontos Negros porque agora que voltaram ao som que faziam quando todos estávamos deslumbrados então já podemos voltar a gostar". A mística do regresso ao som original é uma empregada da nostalgia. Que tal viver no Presente? Mais que surpresa numa banda de rock (que não é uma coisa má) interessa se as canções valem a pena. E os Pontos Negros até hoje nunca perderam as boas canções. Uma boa canção dura mais que o deslumbramento. Mesmo que as tivessem menos viçosas no "Pequeno-Almoço Continental". Posto isto, "Soba Lobi" bate-me também pelo ângulo da boa memória dos Despe & Siga (escola Nuno Rafael que a do Varatojo é demasiado simples para os Pontos), pelo ângulo da boa memória dos Blur (aquilo que verdadeiramente aproxima o disco do lugar onde foi gravado) e pelo ângulo do que espero ser uma memória futura, quando ensaiam um lado mais soul que me evoca os Black Crowes. "Soba Lobi" tem as canções e a brevidade de que o rock que me interessa precisa.

quarta-feira, maio 30, 2012

Querida Marta e querido Tiago,
céus, como os vossos miúdos são trinca-espinhas ao lado dos nossos! Hoje não foi a primeira vez que lhes dei banho e fui mais cuidadoso com a rajada de água fria que deixo para o final. Perguntei se o podia fazer, porque da última vez o David chorou de uma maneira que me encheu de remorsos, e eles disseram que sim. Gritaram todos, é certo, mas em gargalhadas. A agitação era tal que, mesmo durante o tempo em que lhes secava o cabelo, não repararam nas lágrimas do Tio que aproveitava os últimos tempos próximos com eles. Não imaginam a confusão que foi este jantar mas foi uma ideia providencial.
Os vossos meninos não são meus sobrinhos de sangue. A Rute nunca gostou que eu fizesse esta distinção. Mas esta distinção também serve para me abrir as portas da admiração com miúdos que, não sendo da minha matéria, são da minha família. Foi esse tipo de surpresa que me comoveu quando no Verão passado o Rúben e o David me disseram de cor os livros do Velho Testamento. Assim, do pé para a mão. Uma criança de seis anos e uma criança de três anos a saberem mais do que eu. E hoje até o Tiago, que tanto gosto de alcunhar de bully, sentado na mesa ao meu lado direito, se portou impecavelmente como que aproveitando para provar ao Tio rezinga que ele não percebe nada de rapazes.
É claro que nos custa pensar que, durante os próximos quatro anos em que vão estudar no Reformed Theological Seminary no Mississipi, não vamos assistir ao crescimento dos vossos meninos. Temos esperança em vos visitarmos mas não será a mesma coisa. E só a Providência sabe da utilidade de um Tio sempre pronto a ralhar perto deles. Mas sabemos que vocês, querida Marta e querido Tiago, serão os que lhes chega. Se não o fossem não teriam a coragem de deixar o vosso País, a vossa família e a vossa igreja para se dedicarem mais ao estudo da Palavra de Deus noutro continente.
Quando estávamos no Culto doméstico fizemos a habitual ronda em que cada um dá um motivo de agradecimento. O Gi e a Selma também estavam connosco. Quando chegou a vez da nossa Marta ela agradeceu porque os Tios iam para a América. A Maria, com aquela prontidão exagerada de quem gosta de corrigir, disse que isso não era uma razão de louvor mas de tristeza. E o Tio Gi emendou e bem dizendo que se os Tios iam para a América era porque Deus assim queria.
Essa é a minha convicção e da Rute, que tinha pendurado uns balões coloridos na sala para a chegada dos vossos meninos. De facto, eles estão tão excitados com as viagens de avião que sobrevoam todos os choros da família à volta. Nem dão por isso. Estamos em festa, querida Marta e querido Tiago. Estamos em festa ainda que com abatimento pela vossa distância que nos parece demasiado longa. Estamos em festa porque é o melhor que temos que provisoriamente nos deixa. Como diz o Salmo 126, quem semeia com lágrimas colherá com alegria. Convosco sentimos que investimos na Eternidade. E para isso é preciso um bocadinho do nosso tempo de agora. Afinal, são só quatro anos.
Um abraço do vosso cunhado, do vosso irmão, do vosso companheiro,
Tiago.

terça-feira, maio 29, 2012

Ouvir
Antes do louvor ser generalizado e triunfante (em Jerusalém), é individual, desesperado e insistente (em Jericó). Bartimeu provou que reconhecer a natureza messiânica de Jesus é um caso de vista ou morte.
O sermão de Domingo passado aqui.

segunda-feira, maio 28, 2012

Maria
No meu coração o lugar de Maria José Nogueira Pinto não será substituído mas apercebo-me, lendo uma entrevista de ontem no suplemento do DN, que Maria João Avillez também é uma mulher admirável. It runs in the family. Fala de Deus, dos políticos que prestam e os outros, da infância, do nosso irresistível mar frio e termina a conversa com a lapidar frase: "a vida contagia-me tanto que chego a achar que sou uma mulher feliz."

sexta-feira, maio 25, 2012

Cortar
Nas nossas meninas felicidade é edição. Foi só preciso cortar-lhes um bocadinho de cabelo e os seus rostos brilham com uma nova alegria. Já calculávamos o contentamento por usarem franja mas não estávamos preparados para uma exuberância destas.

terça-feira, maio 22, 2012

Condenados a Cumprir o Céu
Quando no início do Outono passado o disco dos Lacraus foi ouvido a vontade que eles tinham de ser os Clash e o Bruce Springsteen tornou-se óbvia. Estava na cara e na capa. Podem imaginar a alegria do propósito cumprido ao anunciarmos que os Lacraus serão a primeira banda a abrir para o dia do Boss himself, no próximo 3 de Junho no Rock In Rio.
Para que a comemoração seja maior mostram o teledisco do último single, um registo cru e documental do que aconteceu no Hall do São Jorge no final de Fevereiro (a realização é do Ben Lacrau Monteiro). Até agora que o calor aperta, os Lacraus estão "Condenados a Cumprir o Céu".

Ouvir
Os discípulos aceitam que Jesus seja o seu Mestre na medida em que seja o servo deles. O sermão de Domingo passado, pregado pelo Pr. Tiago Oliveira da Igreja Baptista da Graça, aqui.

segunda-feira, maio 21, 2012

Sete razões que me levam a gostar especialmente do teledisco novo dos Lacraus
1. É um registo de uma noite especial num lugar também especial. Sempre que ia a concertos de amigos no São Jorge saía convencido que as salas são zero a nível de rock'n'roll. Por outro lado, o ambiente do hall e do primeiro andar tem carisma. Por que não sabotar a compostura do sítio para uma hora selvagem? Sem palco, sem distâncias, sem tretas. A Paula Homem da Valentim de Carvalho não desistiu da ideia mesmo quando tudo nos parecia dissuadir de a concretizar. Segundo informações oficiosas o São Jorge nunca mais quer nada com os Lacraus. Missão cumprida.
2. Este é o primeiro teledisco a usar (e manipular) fotografias da Vera Marmelo. Só esta razão já basta para ser um objecto histórico.
3. O defeito deve ser do meu olhar mas acho que há alguma coisa de Western na realização do Ben. Pessoas no meio de sombras a caminhar em direcção à luz. Mas talvez seja do meu olhar.
4. É um teledisco cheio de amigos. E ainda outros tantos não resistiram à montagem.
5. O melhor de um registo ao vivo não se coreografa. Acontece. Não instruímos o público ao mosh nem as câmaras captam o caos com perfeição. Aparece o que se apanhou e o que não se apanhou fica com quem lá esteve.
6. A canção é uma imitação da "Badlands" do Boss.
7. É mais um exemplo que um bom teledisco não precisa de muito dinheiro.

sexta-feira, maio 18, 2012

Kill your idols
"Falsos Deuses" está publicado pelas Paulinas e pode comprar-se em qualquer livraria. Em Julho deve sair um artigo na Ler sobre o livro. Quem diria que seria uma editora católica a pegar nos calvinistas? Timothy Keller é um desconhecido para os leitores portugueses. Nos Estados Unidos tem sido alcunhado de novo C.S. Lewis pelo modo como fala de Teologia sem espantar os menos convertidos. É Pastor da Igreja Presbiteriana Redeemer em Manhattan e tornou-se talvez a figura mais consensual do movimento reformado que recentemente tem mudado a face religiosa dos Estados Unidos. Os seus livros são êxitos de vendas e contribuem para o debate entre fé e ciência sem a histeria que geralmente contagia os dois lados das trincheiras. Ou seja, por muito pouca ou nenhuma fé que o leitor tenha, em nenhum livro de Timothy Keller se sentirá chamado de idiota (um hábito nas culture wars ianques).


segunda-feira, maio 14, 2012

Ouvir
Os pobres podem ser úteis para os ricos se sentirem moralmente melhor exercendo caridade sobre eles, os ricos também podem ser úteis para os pobres se sentirem moralmente superiores, desconfiando deles. A superioridade moral não faz bem a ninguém e despreza a graça. A superioridade moral escolhe a pessoa certa para odiar. A graça pega na pessoa errada para ser amada.
O sermão do Domingo passado aqui.
Dia das Mães
Ontem foi Dia das Mães. Em SDB não temos a tradição de outras igrejas baptistas que celebram com muitas flores e lágrimas a importância da mãe na nossa educação espiritual. Mas mantemos a convicção de que agradecer a Deus pela mãe que temos é boa parte de amarmos todos melhor. Deus, a mãe, o pai, os nossos filhos. Sou muito grato pela minha mãe Eunice, pessoa de uma fé cristã profunda e serena.

sexta-feira, maio 11, 2012

Para este Domingo




Hoje a riqueza é vista frequentemente com suspeita e até mesmo condenação. Não quer dizer que as pessoas que suspeitam ou condenam a riqueza se sintam repugnadas pela perspectiva delas próprias poderem ser ricas (esse é um grau de sinceridade acessível a poucos). Mas num mundo que foi influenciado pela herança de dois mil anos de cristandade, os ricos facilmente simbolizam a perversão do sentido ideal de ter. Não é difícil embarcarmos em generalizações que tratam os mais favorecidos economicamente como malandros. Quem não gosta de ver um Mercedes avariado na berma da estrada?
Caleb
Nos filmes as famílias de rednecks têm sempre um filho chamado Caleb. Na sala da escola da nossa Marta havia um Caleb (filho do João e da Connie, que entretanto se tornaram nossos amigos) que era uma das palavras que a Marta mais trazia para casa. Fomos ganhando gosto por ouvi-la a dizer aquele nome e quando soubemos que vinha mais um menino a caminho o lobby pró-Caleb ganhou vantagem. O facto do Caleb bíblico ser uma personagem de muita coragem arrumou a questão.
O nosso Caleb que hoje faz dois anos é, naturalmente, diferente dos irmãos. Por um lado é mais caprichoso, por outro é contemplativo. Saiu loirinho (ainda mais que o pai na idade dele) e é o nosso primeiro filho não-robusto. É a ponta da felicidade barulhenta da nossa família.

quinta-feira, maio 10, 2012

Forasteiro



Sami, tu e eu sabemos bem que isto não é Waits-bla-bla-bla, nem Rita Lee-patati-patata, nem muito menos Beck tro-lo-ló. Isto é Kurt cobain, isto é puro Kurt Cobain. Abençoado sejas!

quarta-feira, maio 09, 2012

As Origens Teológicas da Modernidade
Só o título "The Theological Origins of Modernity" promete. Michael Allen Gillespie, para mim um perfeito desconhecido, apresenta uma tese que em Portugal pode ganhar mais impacto pelo facto de parecer estranha. Não sendo eu um leitor atento e dedicado da nossa imprensa, escassos nomes me ocorrem que gastem tempo a pensar na relação entre a Religião e a Modernidade. A multidão alinha pela ideia de que entre estas duas dá sempre divórcio e que a História encarrega-se de mostrar que mal a Modernidade vingou a Religião foi remetendo-se à sua suposta insignificância. Os únicos que vão quebrando este consenso preguiçoso são o Vasco Pulido Valente e o Rui Ramos. O Pacheco Pereira não se alheia totalmente da questão mas falha ao avaliá-la com uma perspectiva demasiado materialista. Por outro lado a nova geração ainda precisa de ler mais religião para mostrar real propriedade quando fala sobre o assunto (mesmo a minha trindade sagrada presente no Mexia, no Lomba e no Pereira Coutinho. O Raposo tem feito um percurso diferente e pode inverter a tendência).
Basicamente Michael Allen Gillespie vem devolver ao debate teológico o seu papel de causa do que veio a chamar-se Modernidade. Simples as that. As nossas conquistas cívicas do Estado Moderno são devedoras das discussões dos homens que acreditavam. Imaginem o que está aqui em causa: Gillespie estilhaça a montra que anuncia que a liberdade é sobretudo um produto do cepticismo. E não o faz enquanto crente mas enquanto estudioso. Por isso prefere olhar para História em vez de apelar a méritos prematuros da contemporaneidade. Logo na introdução Gillespie explica que a Modernidade é a primeira época a deslumbrar-se consigo própria. "Em eras passadas e noutros lugares, as pessoas definiram-se a si próprias em termos da sua terra ou lugar, da sua raça ou grupo étnico, das suas tradições ou deuses, mas não explicitamente em termos do tempo (...) Entender-se a si próprio como novo [cunhando o termo Modernidade para definir a época em que vivemos] é entender-se a si próprio como auto-gerado." Com tanto deslumbramento em circuito interno é útil procurar na História uma perspectiva menos parcial.
O livro de Gillespie explica que a Modernidade é o resultado da discussão cristã mais antiga: como se articula a soberania divina com a vontade do homem? Como hoje as pessoas metem no Facebook: "está numa relação" e "é complicado". A partir daqui apreciamos várias duplas no ringue, herdando todas elas a dinâmica que opôs Agostinho a Pelágio. Agostinho clarificava que o Pecado Original é uma condição de todos e Pelágio defendia que o homem, de algum modo, também construía a sua própria salvação. A maneira como esta luta é essencial para o Cristianismo tem a ver com a utilidade ou não do próprio Cristo. De uma maneira muito simplificada: se o homem não depender absolutamente de Deus, Jesus não veio fazer nada. O problema nasce no final da Antiguidade Clássica, no surgimento do Cristianismo, mas marca toda a Idade Média. Reproduzindo a modalidade combativa teremos Ockham e o Nominalismo contra Aristóteles e a Escolástica (um assunto para o qual eu vergonhosamente estava adormecido), Lutero contra Erasmo (aqui já estava mais à vontade e este capítulo é soberbo, apesar de algumas incompreensões de Gillespie em relação ao pensamento Reformado), e, finalmente, Hobbes contra Descartes. O registo dos combates entre a soberania divina e a vontade humana são a cronologia perfeita para compreendermos a Modernidade. À medida que a discussão contribuiu para a desagregação da própria Idade Média, passa também de um núcleo puramente teológico para um social, mais abrangente. Se no início a discussão é acerca da identidade de Deus (Deus Temperamental e Caprichoso versus Deus Árbitro Razoável) no final já é antropológica (aquilo que os homens podem ou não fazer a partir dos atributos divinos e de que maneira isso lhes permitirá uma sociedade que sobreviva às Guerras Religiosas que varrem a Europa desse tempo). Mesmo quando se fala de política dos homens continua-se a falar de religião.
Michael Allen Gillespie quer ser útil. Acredita que um dos maiores problemas é a ineficácia do Ocidente em compreender aquilo que o ameaça. "Uma vez que não compreendemos a maneira como o nosso passado Cristão moldou o individualismo e humanismo no coração do liberalismo, não compreendemos por que o Islão radical olha para o nosso mundo liberal como ímpio e imoral." Este é também um livro que recua no tempo para tentar ajudar-nos agora. Além de produtivo Gillespie é criativo e sólido: "O processo de secularização ou desencantamento que veio a ser visto como idêntico à Modernidade foi de facto algo diferente do que pareceu, não a vitória esmagadora da razão sobre a infâmia, para usar o famoso termo de Voltaire, não a morte de Deus que Nietzsche proclamou, e não a contínua e distante retirada do deus absconditus que Heidegger apontou, mas a transferência gradual dos atributos divinos para os seres humanos (uma vontade humana infinita), o mundo natural (a causalidade mecânica universal), as forças sociais (a vontade geral, a mão oculta), e a história (a ideia de progresso, desenvolvimento dialéctico, a astúcia da razão)." Ou seja, a tese de Michael Allen Gillespie é que a Modernidade não é o relato dos homens a desmascararem Deus mas a roubarem-lhe a personalidade.
Como crente não consigo evitar um prazer especial em ler este livro e recomendá-lo. Diferentemente de Gillespie, que não escreve como cristão, eu leio-o assim. Claro que por isso me empolgo com a tareia de Agostinho em Pelágio e de Lutero em Erasmo. Outros espectadores vêem o combate de outro modo. E isso faz parte da era moderna. Podemos não concordar com os vencedores. Mas só olharmos para quem luta já é um êxito considerável.


















P.S. Um abraço ao Pedro Barroso que providencialmente me emprestou este livro.

terça-feira, maio 08, 2012

Lança-chamas
Há algumas coisas muito importantes que me distinguem dos pentecostais. Mas sou profundamente influenciado pela alegria, energia, firmeza e sinceridade destes meus irmãos. Temo que falte aos novos pastores as ganas que conheço aos mais velhos. A geração mais antiga é feita de autênticas chaimites quando a de agora por vezes parece demasiado amaciada em pudores terapêuticos. Procuro a mesma combustão no púlpito que me deslumbra nos veteranos assembleianos. Que a Bíblia é matéria inflamável é uma lição que aprendi com eles. Deus abençoe as Assembleias de Deus de Portugal agora que se aproximam de celebrar o seu centenário no nosso País e traga uma geração nova em fogo.
Ouvir
Somos o que respondemos a Jesus. É através da maneira como o jovem rico responde à proposta de Jesus de vender tudo e segui-Lo que podemos realmente saber quem é. O maior traço de identidade do jovem rico é a tristeza. Ser novo e endinheirado é um pormenor. Pobre jovem rico.
O sermão de Domingo passado aqui.

sexta-feira, maio 04, 2012

Miguel e Helena
Entre tanta gritaria de fregueses esta semana trouxe dois relatos preciosos sobre a nossa condição humana mais básica. É compreensível que as pessoas que se tenham emocionado com o texto do Miguel Esteves Cardoso de segunda-feira não reajam com o mesmo à-vontade ao de ontem, quinta. Uma coisa é a dor, outra coisa é tratar da dor com Deus. No meio da heterodoxia da carta do MEC a Deus há uma compreensão assombrosa e certeira daquilo que Ele é e que, por consequência, pede de nós. O Miguel entendeu perfeitamente o Deus da Bíblia que espera que O amemos e louvemos acima de todas as coisas. Vejo no Miguel aquela mistura complicada de rebeldia e submissão que faz parte da história de qualquer verdadeiro adorador (as personagens bíblicas com mais intimidade com Deus previamente lutaram com Ele). Como cristão sinto que a disciplina mais indicada nestas ocasiões é "chorar com os que choram" e a oração. No entanto encontro num texto breve que a Helena Sacadura Cabral escreveu depois do funeral do seu filho, Miguel Portas, o melhor que intelectualmente podemos sentir nestas ocasiões. Quando diz que "entregou-o nas mãos de quem o emprestou" recorda-nos que amar os nossos queridos que partem é um reconhecimento de uma história maior que nós próprios. Que a tristeza possa ser vivida em simultânea gratidão é uma lição que a Helena nos relembra e que deve permanecer.

quinta-feira, maio 03, 2012

Maria Cavaco
O nosso primeiro bebé nasceu há oito anos. Na mudança que o tempo traz também a nossa surpresa e amor crescem, tendo diariamente diante dos olhos uma encenação por vezes tranquila, por vezes agitada, dessa incomparável ideia divina que é dar vida. A história da Maria é também a nossa história e isso é uma maravilha.

quarta-feira, maio 02, 2012

Bandeira vermelha
Não tenho como explicar a alegria de ver o início da época balnear em Carcavelos mesmo num dia invernoso como o de hoje. É uma espécie de metáfora que devolve a verdadeira proporção das coisas. Não são as nuvens e a chuva que retiram a Maio a sua fidelidade à Estação próxima de sol e calor. O nadador-salvador que vi tiritava ao frio mas afirmava profeticamente que a chegada do Verão é inevitável. Assistir a isto é um privilégio.

terça-feira, maio 01, 2012

Ouvir
O Reino de Deus é um encolhimento em direcção à infância. Porque é lá que voltamos a caber no colo de Jesus. O sermão de Domingo passado aqui.