sexta-feira, setembro 28, 2012

Reuniões de Quinta-Feira
Uma das coisas excitantes a acontecer numa igreja jovem é a reunião a meio da semana. Geralmente mais consagrada à oração, aproveitamos também para promover um espaço onde as pessoas podem colocar questões em relação ao sermão de Domingo. Por outro lado investimos na partilha de experiências pessoais e no comentário que seja mais do que uma mera opinião (para isso há o Fórum da TSF). Uma comunicação comunitária não pode ficar no desabafo apenas.
Ontem recolhi algumas frases. Coloco aqui umas quantas:
- A Carla disse que invejava o gesto de louvor de Maria de Betânia, ao derramar o perfume na cabeça e pés do Senhor.
- O João falou em estar a ganhar na oração uma consequência lógica dos desafios que atravessa.
- O Ricardo disse que o melhor na vida é desperdiçar tudo em Deus.
- O Joel partilhou que aprendeu a não condenar o modo como os outros louvam, por mais estranho que nos pareça.
- O Manel falou na dificuldade que é questionar o investimento em amigos que não têm fé quando eles são os únicos que temos.
- O Miguel, acerca das pessoas que pedem na rua, disse que muitas vezes ficamos contentes por aqueles que nos enganam para assim termos um pretexto para não dar a ninguém.
Esta reunião a meio de semana cresce lentamente sobretudo na assistência. Não é fácil atrair juventude para orar numa quinta-feira à noite. Mas o que aprendemos uns com os outros é uma grande ajuda.

quinta-feira, setembro 27, 2012

Outono
O dia em que volto às calças de bombazine é também o que oferece o melhor equilíbrio entre temperatura externa e a temperatura da água. Este ano parece que o Outono não chegou, desabou em cima de nós. Mas o mar às sete e meia da manhã é o mais agradável de 2012.

quarta-feira, setembro 26, 2012

Maclaren e o casamento gay
Independentemente se temos ou não alguma inclinação para o movimento chamado emergente (nunca foi a minha onda) e independentemente se nos preocupamos ou não com a relação entre o casamento homossexual e o testemunho público do cristianismo (eu preocupo-me), a notícia que o New York Times dá acerca de Brian Maclaren ter presidido a uma cerimónia matrimonial entre dois homens (um deles seu filho) torna-se uma amostra do ponto de chegada de uma dinâmica que afirmava querer devolver à Igreja a sua essência. Era, entre outros aspectos, o propósito da Igreja Emergente mostrar à Igreja dita institucional que apoiar o casamento gay é estar mais próximo do espírito das Escrituras? Sabemos que a Igreja Emergente é um fenómeno também diverso que desafia algumas simplificações mas Maclaren foi sem dúvida a sua figura mais destacada. Esta é uma oportunidade para muitos de nós poderem reavaliar o espaço dado a figuras que se notabilizaram mais por ser do contra do que por ser concretamente a favor de alguma coisa. Ou melhor, pelo menos alguns resultados desta emergência começam a aparecer.

terça-feira, setembro 25, 2012

Ouvir
Vender Jesus foi talvez o sentido único que Judas arranjou para lidar com o que lhe pareceria o absurdo do próprio Salvador sacrificar-se. Vender Jesus por trinta moedas de prata é uma ilustração apropriada para todos os momentos aparentemente estragados por um Deus que sofre e que permite o sofrimento. Sacamos um preço que dê lucro a um negócio que nos parece perdido. O lucro é uma espécie de louvor à criatura quando o Criador não nos surge merecedor. O lucro é um louvor ludibriado.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima do aqui, não usando o Chrome).

segunda-feira, setembro 24, 2012

O evangélico apressado em citar Nietzsche
Quem estudou numa universidade de esquerda sabe quem é o patrão: Nietzsche. Eu sei porque estudei numa universidade de esquerda. Não que Nietzsche fosse de esquerda (essa é outra conversa e a História mostra-o proeminente também entre gente de direita) mas porque, tendo dado tão valente e talentosa pancada no mundo que a esquerda idealiza rejeitar, continua destacado no Panteão que zela pelo homem novo, livre das artimanhas opressoras do velho poder. O Século XX seguiu o mesmo embalo de Nietzsche, trazendo outros pensadores originais, mas que se limitam a prestar vassalagem. No campo da linguagem, que foi a minha praia na Faculdade, havia admiração por Foucault, Heidegger, Wittgenstein, Ricoeur, Derrida, apenas para uma mão cheia de exemplos, mas, lá está, o patrão era Nietzsche. Mesmo se falarmos nos seus parceiros de tamanho, Marx e Freud, que formam a trindade quase tão sagrada como a verdadeira e que vai pelo nome de autores da suspeita, o certo é que Nietzsche serve como nenhum outro os intentos de iniciação que um jovem universitário carece. Há frases para citar, uma dieta de cinismo pronta a consumir e até factos biográficos sumarentos. Basta ter em conta que Nietzsche morre louco e morrer louco é a santificação possível dos ateus. Porque morrer louco sugere aquele tipo de rejeição do mundo que, do mesmo modo que deslumbra os mártires, anima os sem-fé a deixarem esta vida numa queixa contra o Criador em quem não crêem. Apesar de todos os paradoxos da religião, quem não se dá bem com Deus afeiçoa-se a fazer pouco da sanidade mental, obliterando uma possível ligação última a um sentido para a existência. Um pouco por tudo isto terá de vir alguém com muito, muito impacto para retirar a chefia da loja a Nietzsche. Ele continua a ser o patrão.
Citar Nietzsche tornou-se um desporto popular e saiu há muito das paredes da Academia. Hoje até os cristãos evangélicos citam Nietzsche, o que dá uma imagem fidedigna da vulgarização do filósofo. Com isto quero expor a minha condenação aos evangélicos, sobretudo os jovens evangélicos, apressados em citar Nietzsche. O que me move? Parte é ajuste de contas com o meu passado, quando apressadamente citei Nietzsche; a outra parte é ajuste de contas com o futuro dos evangélicos, para que pensem duas vezes antes de o fazer. Sobretudo quando pressinto que há uma vaga nova de evangélicos que em vez de afirmar a fé apesar de Nietzsche (e nesse sentido pode ser útil para o testemunho público da fé citar Nietzsche), afirma a fé por causa de Nietzsche (tornando-o uma espécie de doutor abortivo da Igreja). Bem sei que um evangélico destes que se apressa em citar Nietzsche terá como intenção última tornar a sua fé relevante mas acaba por tornar a sua fé apenas ridícula. É aqui que quero chegar.
Primeiro quero dar-vos o meu próprio currículo no tema. Não sou leigo nestas matérias e tenho a minha frase preferida de Nietzsche. "Os homens activos rebolam como rebola a pedra, em conformidade com a estupidez da mecânica." Passado algum tempo continuo a achar alguma pertinência nesta frase mas reconheço que hoje tento usá-la além do ressentimento típico de quem, não tendo a capacidade de pôr nada a funcionar, gosta de desprezar a eficiência alheia (boa parte do nihilismo é irritação contra o que resulta). Creio que saquei esta frase de um dos livros que mais me marcou na Faculdade, "Humano, Demasiado Humano". Cheguei a projectar a filmagem de uma curta-metragem que colocava uma rapariga com ar meio beatnick a perder este volume numa bomba de gasolina da Amadora, road-movie possível a estudante universitário da linha de Sintra. Por outro lado, ainda há um ano a minha banda, os Lacraus, editaram uma mixtape que colocava o Frederico na capa com um pedal de distorção a entrar-lhe pelo cortex cerebral a dentro. O conceito veio de uma frase de Flannery O'Connor que diz que por vezes é necessário amplificarmos aquilo que, sendo natural para os descrentes, é pecaminoso para os crentes mas se torna o único material de comunicação do Evangelho. Ou seja, a única maneira de redimir alguma coisa das ideias de Nietzsche é distorcê-las ao ponto em que se tornam obviamente grotescas até para os que com elas se encantam. Por essa razão há a circular pelo País umas quantas t-shirts, extraídas da capa da mixtape, desenhadas pelo traço impecável do Silas Ferreira mostrando o filósofo alemão numa ligação improvável com uma banda de rock formada por cristãos. Bota overdrive nos miolos do Nietzsche!
Na minha perspectiva, a maneira certa de citar Nietzsche é assinalar a inteligência possível das suas frases salientando a falta de inteligência maior que foi não ser cristão. Isto porque me parece de elementar justiça esperar inteligência dos filósofos e um filósofo que despreza o cristianismo protagoniza um fenómeno de pouca inteligência. Será demasiado agressivo um cristão assumir que a sua fé também passa pelo uso do cérebro? Então Nietzsche não deve ser poupado do reconhecimento da justeza das críticas que fez aos religiosos do seu tempo ao mesmo tempo que se reconhece que ao querer matar Deus matou também o criador do pensamento. Tendo em conta a falta de fé de Nietzsche acredito que, no que diz respeito à tarefa de pensar, o filósofo reprovou. Os evangélicos que citam Nietzsche sem este cuidado ao quererem agasalharem-se intelectualmente com a roupa do patrão apenas mostram que o Rei vai nu. Parece-me então claro que a maior intenção dos evangélicos que citam Nietzsche não é encorajar o raciocínio (coisa que o citado não conseguiu na tarefa básica de reconhecer a existência de Deus) mas sobretudo chatear aquilo que vêem como o status quo religioso (naturalmente avesso ao alemão). Chatear o status quo religioso pode ser por vezes necessário mas não é forçoso que seja universalmente a coisa mais inteligente que se pode fazer.
Os evangélicos apressados em citar Nietzsche transmitem-me que não o sabem ler. Mostram-se tão ansiosos com o efeito que procuram que não colocam grande pensamento no que disse o filósofo. Tem sido frequente ler evangélicos, sobretudo brasileiros, a erigirem altares a um Nietzsche beatificado à força para os ajudar a distinguirem-se da incómoda multidão que é o evangelicalismo de Vera Cruz. Compreendo que não deve ser fácil ser evangélico no Brasil (embora ache mais difícil em Portugal) mas não é com armistícios forçados que a guerra acaba. Tornar Nietzsche num peregrino bem-aventurado além de caricato é não levar a sério qualquer palavra que escreveu. A menos que passemos a elogiar todas as pessoas que não compreendemos. Eu, que me vejo como um fraco mas assumido adversário religioso de Nietzsche, gostava de o ajudar livrando-o desta pieguice teológica. Tenhamos-lhe uma pinga de amor cristão.

sexta-feira, setembro 21, 2012

Os grandes enredos
Estou entusiasmado com o sermão deste Domingo. Chama-se "A história da mulher que esbanjou em Cristo e do homem que o vendeu". O texto sobre o qual falaremos, em Marcos 14:1-11, tem aquela mistura de amor e traição, sacrifício e covardia, que assiste os grandes enredos da literatura. Com a vantagem de não ser ficção e poder transformar as pessoas que o ouvem.

quarta-feira, setembro 19, 2012

Três artigos

- John Piper e C.S. Lewis explicam a imoralidade de condenar Breivik a tão pouco. "If a criminal’s sentence does not have to accord with what he deserves, it does not have to be just."

- Thomas Nagel, a partir de Alvin Platinga, diz que o teísmo torna a ciência mais bonita. "We all have to recognize that we have not created our own minds, and must rely on the way they work. Theists and naturalists differ radically over what justifies such reliance. Plantinga is certainly right that if one believes it, the theistic conception explains beautifully why science is possible: the fit between the natural order and our minds is produced intentionally by God."

- Barnabas Piper fala do que é crescer como filho de Pastor. Satan’s greatest weapon against church kids is familiarity, and the contempt it breeds. So we need our families, biological and Christological, to show us the gospel.

terça-feira, setembro 18, 2012

Ouvir
A nossa vida quando espera que Cristo volte afirma que Cristo nunca foi embora. Creio que podemos afirmar isto com aquela dose de objectividade espiritual que só a fé nos permite. Uns dirão que isto é truque poético para efeitos de expansão religiosa. E temos de respeitar a lógica de quem o disser. Mas como explicar que essa lógica não é o que conduz a nossa vida? De cada vez que vigiamos, de cada vez que esperamos os piores acontecimentos com as melhores esperanças, de cada vez que o apocalipse abanca no agora, mostramos ouvidos abertos para o sermão profético do nosso Senhor. Temos o nosso coração transformado e a nossa vontade escancarada para o futuro. Duvidaremos quando nos disserem que os dias são impossíveis de se viverem porque acreditamos no que ainda não vimos. Teremos o ódio dos profetas da desgraça mas isso não nos deve importar porque o nosso negócio é a graça mesmo.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de aqui).

segunda-feira, setembro 17, 2012

Os dez anos da Coluna Infame
Em tempo de imperativos nacionais alerto os meus companheiros bloggers/blogueiros/bloguistas que daqui a menos de um mês, 15 de Outubro, temos de nos manifestar publicamente em jantar para cumprirmos a celebração dos dez anos da Coluna Infame. Tenham em conta que a refeição não exorbite os valores da austeridade contemporânea. Vamos a isso.

sexta-feira, setembro 14, 2012

As Sete Razões Não-Bíblicas que me levaram ao Calvinismo (a sétima razão) 

7. A oração não é uma declaração de independência 

Claro que a liberdade não é uma coisa má. Tanto não é que a Bíblia descreve-a como um efeito da presença de Cristo. Um efeito e não uma causa. A ênfase das Escrituras é que somos livres por causa de Cristo e não que somos cristãos porque somos livres. Isto é absolutamente claro nas páginas da Palavra e os seus autores humanos não precisaram de o escrever na defensiva, a uma cultura que idolatra a liberdade como o bem maior. É também por causa disto que nas Escrituras a vontade de Deus dança com a vontade do homem num movimento tão gracioso quanto veloz na ausência de territórios definidos. A simplificação (polémica mas que curiosamente nenhum dos meus irmãos arminianos me apontou durante a semana) é esta: quando as coisas correm bem a responsabilidade é de Deus, quando as coisas correm mal a responsabilidade é do homem. Se alguém que implicar com o Evangelho (e consequentemente com o calvinismo) é por aqui que tem de começar. Não foi ao calhas que os primeiros cristãos tiveram de ganhar uma noção da identidade de Deus (os primeiros quatro séculos a discutir a Trindade) e imediatamente a seguir uma noção da identidade do homem (sobretudo o quarto século a discutir e a concluir sobre antropologia e o pecado original). O que os arminianos devem recordar (e os católicos) é que o pelagianismo continua a ser herético para todos os cristãos. Não existe ponta de participação do homem na sua própria salvação.
Não sendo a liberdade uma coisa má também não precisa de ser a coisa acima de todas as outras. Continuo convicto que as coisas que nos são mais queridas são geralmente vistas como exercendo um domínio, pelo menos emocional, sobre nós que não olhamos como negativo. As nossas paixões são mais frequentemente descritas como tendo nos conquistado que nos persuadido. E com Deus não é diferente. Basta olharmos a maneira como louvamos e oramos. Nenhum cristão canta: "obrigado Senhor porque naquele dia escolhi-te". Nenhum cristão ora: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o meu nome, venha a Ti o meu reino, seja feita a minha vontade assim na terra como no céu." A oração, um fenómeno estranhíssimo que a Palavra nos mostra como um pedido de Deus para nós lhe pedirmos coisas, só ganha sentido com um coração mais aberto que a lógica pragmática da nossa autonomia. Se a liberdade é a chave de leitura da existência do cosmos por que razão Deus não se limita a fazer aquilo que deve ser feito sem depender que nós lhe peçamos? Talvez porque o que esteja em causa seja uma representação bela e verdadeira em que os filhos de Deus obedecem a uma vontade maior que a deles próprios. Oramos também porque quando nos submetemos à vontade de Deus somos transformados de uma maneira que a nossa liberdade não nos permite. A oração enche o coração daquele que acarinha a dependência e não tanto, parece-me, do que acarinha a autonomia. Pelo menos sei que enquanto mantive a posição arminiana da minha infância e juventude a oração nunca fez grande sentido.
Sei que prometi razões não-bíblicas e esta última resvalou para o terreno. Ainda assim não citei um único versículo. Estas sete razões não querem convencer porque o terreno onde os cristãos devem ser convencidos é a Bíblia e não a experiência individual. Muitos amigos e irmãos mostraram-se durante esta semana absolutamente invulneráveis às minhas razões e eu saúdo a liberdade deles de assim se sentirem. Claro que não posso saudar o modo como descartam a predestinação e outras coisas que a Bíblia dizendo sim, põem a dizer não (e permitam-me uma observação que desejo que seja mais fraterna que crítica: enquanto a comunidade evangélica, e a pentecostal em particular, permanecer ouvindo pregações temáticas e não-expositivas é óbvio que pode adiar por décadas os textos que não lhes agradam e seleccionar criteriosamente na Bíblia os excertos que lhes confirmam o dogma apócrifo do livre-arbítrio - the point is: leiam a Bíblia sem medos, caramba!).
Posto isto e como ponto final, uma grande simplificação: os hiper-calvinistas são a pior escória que já habitou o Planeta. Prefiro mil arminianos a um hiper-calvinista. O hiper-calvinismo é obsceno quando recusa a evangelização, uma tarefa que na Palavra é óbvia, não-opcional e urgente. O hiper-calvinismo é intelectualmente patético (o facto de Deus predestinar é diferente de nós Lhe conhecermos a predestinação), espiritualmente morto (os hiper-calvinistas não precisam de procurar Deus porque acham que Deus é que Se achou quando escolheu os eleitos), e blasfemo (o hiper-calvinista dá por si a achar que Deus lhe deve a salvação, fazendo desgraça da graça). Não chamem teologia ao hiper-calvinismo porque o hiper-calvinismo não passa de um zombie. Um tiro na cabeça e fica tudo resolvido.

quinta-feira, setembro 13, 2012

As Sete Razões Não-Bíblicas que me levaram ao Calvinismo (a sexta razão) 

6. As pessoas que odeiam o calvinismo não têm sentido de humor (e de arquitectura)

Não gostaria de colocar a tónica na negativa quando vos falo das razões que me levaram ao calvinismo. Até porque o verbo atrair é fundamental para os calvinistas e a sua acepção é completamente positiva. No entanto, e como em tantas coisas na vida, há caminhos que se percorrem principalmente porque os outros nos desagradaram. E devo confessar que também escolhi o calvinismo porque as outras opções me pareceram piores. Ora, ao usar o verbo escolher sei que me podem acusar de contradição depois de tanta pancada dada no livre-arbítrio. E se o fizerem apenas confirmam a tese deste ponto: na incapacidade de acolherem paradoxos, coisas que parecem mas não são contraditórias, os não-calvinistas mais que revelarem pouca nuance revelam falta de sentido de humor.
Pode ser um cliché preguiçoso mas também acho que o humor é sinal de inteligência. Não afirmo que o humor é sinal de discernimento (o mundo está cheio de pessoas bem-dispostamente erradas) mas que os que têm discernimento têm também algum humor. Creio que o sentido de humor passa por uma capacidade de jogar com a proporção das coisas, sugerindo novas combinações a partir de comparar medidas diferentes. Humor é tanto recreio quanto medição. Para não tornar isto demasiado abstracto: rio-me com o que me faz parecer novo o que não o é (e para o efeito do argumento: nada é puramente novo num mundo que não foi criado pelas criaturas que o habitam). As coisas mais engraçadas são para mim inaugurações de antiguidades e provocam um efeito de surpresa que vai além da sua utilidade. Isto faz-me perceber a ligação directa entre beleza e verdade e estar mais sensível a alegrar-me com tudo aquilo que subsiste por ser bonito, independentemente de o compreendermos e o sabermos aplicar na hora. Por que se riem os homens de coisas que não lhes enchem o estômago? Porque a sobrevivência é também uma questão de alegria. É a verdade a ser saboreada antes de ser entendida.
É aqui que entram os não-calvinistas e a sua falta de sentido de humor. A minha tese é: o pragmatismo intenso do que crê que tudo só se resolve a partir da sua intervenção individual sobre o universo externo perturba todos os momentos que não trazem explicação (logo a acusação simplista de Deus não poder existir por causa do incompreensível sofrimento da humanidade, ou, existindo, não poder ser bom). A pessoa inquieta-se (e equivoca-se) e fica menos disposta a olhar à sua volta para tudo o que existe além da urgência da resposta que procura (não aceitar a existência do sofrimento é um recuo a só sabermos viver com o que sabemos explicar - uma triste ironia sobretudo para os cristãos que supostamente acreditam que Deus reconcilia o mundo consigo através do sofrimento voluntário do Seu filho). Logo tem menos atenção para ver. Quanto menos vê, menos aprecia e quanto menos aprecia menos compara. Quanto menos compara mais material de alegria perde, alegria essa de jogar com combinações frescas de medidas conhecidas. Resumindo muito: o não-calvinista preocupado em resolver o mundo a partir da sua liberdade ri demasiado pouco. Rir pouco é grave porque ajuda-o a reduzir o cosmos à sua ansiedade. Reduzir o cosmos à nossa ansiedade é uma distorção violenta da realidade porque uma coisa é uma pessoa e outra coisa é o cosmos. Rir é por isso discernimento (o contrário do provérbio português que diz "muito riso pouco sizo" e que alimenta a condenação que os vizinhos culturalmente católicos estendem às pessoas que saem das igrejas evangélicas sem o ar pesado da religião). Não saber rir é não saber avaliar. E fechar os olhos ao que não tem explicação imediata. Um mundo sem mistério é uma mentira grosseira porque o homem é pequeno demais para a grandeza da Criação. Os calvinistas estão mais abertos ao mistério do mundo que é Deus ter nas suas mãos a história de tudo. Riem mais porque reconhecem as larguras e os comprimentos e jogam com eles através das regras do Criador. Não é ao calhas que investem em arquitectura (ainda que possivelmente simples). Os não-calvinistas são péssimos em arquitectura (numa escala geométrica como comparar a vontade do homem com a vontade de Deus?) e por isso os primeiros a meter neóns e powerpoints pirosos (vocês já viram que este é-me um assunto caro) nas suas casas de oração. Onde a beleza e a verdade se submetem à ditadura da escolha qualquer pedaço de lata vale por termos sido nós os primeiros a ver nele o brilho do sol, uma metáfora possível da nossa obsessão com a novidade. A lógica da liberdade está a matar o deslumbramento com o que é belo e verdadeiro. E a fazer-nos rir menos. Os calvinistas não estão nessa.

[Amanhã a sétima e última razão: a oração não é uma declaração de independência.]

quarta-feira, setembro 12, 2012

As Sete Razões Não-Bíblicas que me levaram ao Calvinismo (a quinta razão)

5. João Calvino não inventou o Calvinismo

O melhor a explicar isto é Spurgeon. Quando diz que o calvinismo é uma alcunha para o Evangelho, para a mensagem central expressa nas doutrinas da Graça. Alcunha não é nome mas para alguns efeitos práticos pode servir. É óbvio que Jesus não veio deixar uma mensagem calvinista. O maior JC é ele e não o João Calvino. O próprio João Calvino revolver-se-á no túmulo ao saber que fizeram do seu apelido um resumo do sistema intelectual sobre o qual assentam as verdades nucleares do cristianismo. Por isso nenhum bom calvinista lutará pelo calvinismo. Mas pelas ideias que levam a alcunha de calvinismo. Porque nessas ideias está um sumário de palavras humanas acerca do do valor infinito e extra-linguístico que tem a história de Cristo. João Calvino não inventou o calvinismo. O calvinismo é uma alcunha recente para a fé cristã, essa dos apóstolos, dos padres da igreja, de Atanásio, Agostinho, de Niceia e Constantinopla, dos nominalistas, dos reformadores, dos puritanos, dos evangélicos, e de todos os santos e de todos os pecadores regenerados. Uma ironia irresistível é que até os cristãos que estão convencidos que destestam o calvinismo serão, nesse sentido, salvos pela verdade que ele alcunha. No fim o que dirão os calvinistas? Viva o calvinismo? Céus. Não. Os rótulos têm graça mas Cristo tem a Graça.

[Nota: Estes textos foram escritos há mais de uma semana. Não tenho o propósito de estar a responder em directo a algumas boas questões que me têm colocado. Isso vou tentar fazer em privado sempre que se justifique. No entanto não resisto a fazer uma nota em relação aos rótulos. Ouço dizer que não precisamos de rótulos e que os rótulos estragam as verdades. Permitam-me discordar. Qualquer pessoa que use a linguagem aceita usar rótulos porque as palavras apropriam-se à realidade mas não a esgotam. Nesse sentido, todas as palavras são rótulos. Enquanto não comunicarmos telepática e espiritualmente vamos ter de usar rótulos. Há uma discriminação negativa de alguns termos que são apelidados de rótulos sempre que as pessoas não se agradam deles. E então o calvinismo leva nas orelhas porque é um rótulo. Dizem essas pessoas que preferem dizer que são apenas cristãs, seguidores de Cristo e outras expressões que em breve serão tão chatas como as que agora rejeitam convictamente (ou que já são). Na minha opinião esta atitude demonstra pouca humildade linguística e, em último grau, falta de sentido de humor. Os calvinistas usam rótulos porque usam a linguagem. E enquanto usam rótulos divertem-se (manifestamente mais que os seus opositores, sempre ansiosos para chegarem às línguas dos anjos). Mas a falta de sentido de humor e de proporção dos não-calvinistas são a sexta razão, que fica para amanhã.]

terça-feira, setembro 11, 2012

As Sete Razões Não-Bíblicas que me levaram ao Calvinismo (a quarta razão)

4. As melhores histórias de amor são de rendição e não de escolha

Sob a possibilidade de arruinar esta verdade com um mau exemplo, devo indicar um dos primeiros momentos que ma mostrou na televisão da minha infância: Modelo e Detective. Basicamente "Modelo e Detective" era uma série que, no meio de assinalável impenitência e alguma libertinagem, exibia um romance entre dois sócios detectives que se detestam na mesma medida que se amam. A relação estava longe de ser biblicamente sustentável mas serve para o efeito deste argumento. O diálogo mais comum entre Bruce Willis e Cybill Shepard era blam! Por cada porta que batia a criança que assistia aos episódios tinha o seu entendimento de amor dilatado para a ciência do estrondo. E apercebia-se que um importante apêndice deveria ser acrescentado à moral dos romances aprendidos na infância: com frequência os amantes mais sinceros parecem quererem matar-se um ao outro. Romeu e Julieta de Shakespeare já tinham feito da morte voluntária uma conquista amorosa mas a tentativa de homicídio é outro negócio. Desde que fui exposto a essa compreensão ganhei a consciência que a luz que iluminasse a minha noiva na primeira vez que a visse podia ser crepuscular (e assim acabou por acontecer quando as minhas inaugurais interacções com a Ana Rute tiveram mais de guerra que de galanteio). Tudo isto para dizer que os calvinistas percebem bem que esta mesma lógica se aplica ao romance entre Deus e os seus filhos.
Os maiores amantes de Deus foram antes e sem excepção pessoas que o odiaram. O Criador não tem namoradinhos que o escolheram. Não é o seu estilo. As pessoas que amam Deus contam o enredo explicando que se tratou de um rapto de onde saiu um síndrome de Estocolmo (a estima inesperada que nasce do raptado pelo raptor). O amor cristão é um amante que encurrala o outro, não um encontro paliativo de sinergias. Não se escolhe o Senhor como se escolhe um par de sapatos. As pessoas que falam sobre a sua fé em jeito de opção por Deus além teologicamente equivocadas têm um péssimo critério para histórias de amor.

[Amanhã a quinta razão: João Calvino não inventou o Calvinismo.]
Ouvir
Se oramos apenas por saúde, emprego, conforto e adequação (religiosa, social, familiar, etc.) afirmamos através de um instrumento de fé, a oração, uma vida sem ponta dela. Na prática, a nossa vida será uma S.E.C.A. com todos os aspectos apocalípticos cirurgicamente removidos.
O sermão de Domingo passado aqui (clicar em cima de "aqui").

segunda-feira, setembro 10, 2012

As Sete Razões Não-Bíblicas que me levaram ao Calvinismo

[Esta semana conto deixar por dia um post apresentando-as. Hoje seguem as primeiras três.]

Ainda não trago grande bem ao mundo quando me envolvo em algumas discussões. Não porque essas discussões assentem sobre assuntos pouco importantes mas porque tenho um infeliz talento de ser capaz de pregar a higiene numa luta de lama. Os últimos anos têm sido por isso de aprender a ficar calado não porque ache que as palavras são desnecessárias. Estou cada vez mais certo da importância das palavras. Falta-me é o discernimento de usá-las na medida certa para que a fé brilhe acima do facto de ser minha. Não sei se todos compreenderão o dilema mas envolve boa parte da minha existência. No fundo, calar mais para falar melhor.
Posto isto não tenho como não fazer uma perninha no assunto do calvinismo. Desde que SDB se tornou uma Igreja autónoma e eu fui consagrado Pastor tenho tentado uma maneira mais crescida de debate teológico. Uma das maneiras mais crescidas de debate teológico que tenho assumido e encorajado aos membros da minha igreja é simples: abandonar quase todos os debates teológicos nos quais temos andando envolvidos, eu e os membros da minha igreja. Por ridículo que pareça, uma das jóias da Coroa da Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica é a relativa tranquilidade dos seus membros em discussões nas redes sociais. E ainda podemos melhorar muito, muito mais. Mas de um modo geral o pessoal de SDB procura pudor onde os outros arrancam pujança. Por que razão? Porque, e simplificando muito, quando o debate teológico não nos custa pessoalmente é porque não tem um valor real na nossa alma. Conheço o dispositivo porque ainda me é fácil praticá-lo: saímos para amolgar as cabeças dos outros com o nosso coração duro. É tão difícil discordar em amor que acabamos por tentar fazê-lo só mesmo quando não existe alternativa. E com isto não estou a dizer que um cristão só pode meter-se em discussões onde tenha de discordar em amor. Há discussões onde a discórdia tem de ser até violenta porque não existem irmãos no horizonte. Aí, de qualquer modo, deve vigorar ainda a educação, a elegância e a elevação. Nem que seja para arrasar o adversário que está errado.
Falava-vos de calvinismo. A palavra calvinismo dá-me muito trabalho porque sou calvinista. Mais adiante já vos falarei melhor acerca das questões semânticas mas para o efeito imediato devo dizer que é o facto de ser calvinista que me leva a não dar grande valor ao termo. Um dos refrões que mais repito na minha Igreja é que, com a chegada de pentecostais e carismáticos à congregação, Deus não me chamou para fazer baptistas de pentecostais nem para transformar arminianos em calvinistas. O meu desejo é pura e simplesmente pregar o Evangelho que depende cem por cento de Jesus Cristo. Acontece que no último mês, e muito por conta de uma frase magistral do Dr. Shedd que citei, o assunto voltou a bater à minha porta de uma maneira que acho irresponsável não atender. Qual o meu compromisso então nesta hora? Dar-vos um breve roteiro pessoal que conte do caminho que me fez chegar ao calvinismo. Mas ao fazê-lo devo procurar um método amistoso. Como aqueles jogos de futebol na escola secundária em que uma equipa era tão mais forte que a outra que lhe dava avanço. O jogo começava com cinco a zero a favor dos mais fracos. Lembram-se? Neste caso, e perdoarão o que pode parecer arrogância mas é apenas misericórdia, vou explicar sete razões não-bíblicas que me levaram ao calvinismo. Porque se fosse falar de razões bíblicas receio que os meus opositores nunca mais se levantassem do chão. Embora qualquer calvinista reconheça a existência de uma minoria de textos difíceis todos os outros em que preto no branco a Palavra explica que é Deus quem toma a iniciativa de escolher os Seus filhos são tão esmagadores que me sentiria a bater em mortos. Tendo clarificado isto, avanço. E sem notificar um único versículo.

1. Kierkegaard.
Foi a leitura do filósofo dinamarquês que em muito me inclinou para o calvinismo. Reconheço que o embalo foi nesse sentido mais existencialista que da ordem da Teologia Sistemática. Ora, Kierkegaard fala muito de Lutero e nem por isso de Calvino. Mas é Kierkegaard que escreve nos seu diários uma coisa tão simples quanto óbvia: "a ideia de um livre-arbítrio abstracto é uma fantasia. O conceito de pecado mantém qualquer pessoa cativa de todas as maneiras." Ou seja e numa paráfrase pessoal, se todos os homens são pecadores, como a Bíblia ensina, a liberdade só pode ser uma brincadeira de mau gosto.

2. Os calvinistas são vistos como bad boys e são os bad boys que ficam com a miúda.
Lembro-me da primeira vez que inquiri um amigo um pouco mais velho do que eu e que na altura me influenciava quando me apercebi que era calvinista: como é possível que sejas calvinista? A pergunta foi feita em jeito de acusação de um crime mas o que eu não esperava é que uma vida de crime pudesse ser tão atraente. Os calvinistas ao transgredirem os muros do livre-arbítrio quebram a suprema propriedade privada do mundo moderno: a crença de que o homem tem na sua liberdade o bem maior. Mais que bons teólogos os calvinistas são bons bandidos.

3. O livre-arbítrio é racionalmente ruim, raso e rarefeito.
A acusação típica é a que o calvinismo é absurdo, como se propusesse um jogo em que os dados estão viciados. Logo deposita-se na escolha toda a razoabilidade do cristianismo: cada homem decide o seu destino. Além do que já mencionei no ponto 1, o livre-arbítrio é racionalmente ruim porque como pode a criatura de um Criador ditar as regras pelas quais se quer comportar? O livre-arbítrio é racionalmente raso porque quer fazer de um oceano profundo um lava-pés daqueles que estão na entrada das piscinas municipais. O pragmatismo arminiano, a maneira como explica a salvação em poucos passos burocráticos, torna a santidade chata e espalma a teologia (e daí o degrau para o ponto 2, em que os calvinistas aparecem aos olhos dos outros como ovelhas negras - um dos segredos mais bem guardados é que os calvinistas identificam-se efectivamente mais com um pecador talentoso que com um beato automático). O livre-arbítrio é racionalmente rarefeito porque rouba o oxigénio. A pessoa vive oprimida com a reinvenção permanente da sua liberdade. Sem ar ninguém pensa bem. A inspiração, que permite a existência dos poetas, é criminalizada pelos advogados da escolha, maus a conviver com a subjectividade dos mais marginais. Pessoalmente só conheço em Portugal um poeta arminiano (um grande abraço para o João Tomaz Parreira). Já cada calvinista, identificado com os abismos do pecado e com as alturas da graça, tem dentro de si uma montanha de heterónimos.

[Amanhã apresentarei a quarta razão: As melhores história de amor são de rendição e não de escolha.]

sexta-feira, setembro 07, 2012

Para o sermão do próximo Domingo
Durante três Domingos falamos sobre o sermão profético de Marcos 13. O assunto profético é exigente e hoje frequentemente desconfortável para uma geração que não quer parecer alucinada por visões muito convictas acerca do que está por vir. Mas falar sobre o Apocalipse não pode apenas ser um exercício de palpite sobre o futuro. Os cristãos são apocalípticos porque, a partir do momento em que sabem que no futuro as coisas decorrerão de uma determinada maneira por iniciativa divina, são transformados. Logo, o mais importante não é o fantástico que vai acontecer mas o fantástico que já acontece pelo futuro ser da responsabilidade de Deus. O sermão profético de Jesus que estudamos em Marcos não deve funcionar como trailer de disaster movie. O desastre é não ser mudado já pelo Deus do Apocalipse.

quinta-feira, setembro 06, 2012

Na Conferência Fiel
De Segunda até hoje à hora do almoço estivemos na Conferência Fiel. A Fiel é uma editora de livros evangélicos de linha reformada (a nossa onda, portanto). Foi muito bom. Pensar que alguns temas que estranhamente são quase tabu nas nossas igrejas (entendimento do casamento, complementarismo, educação de filhos) foram falados à luz do dia (com microfone e tudo) é um triunfo que queremos manter em oração. Possa o Senhor continuar no nosso coração aquilo que já agrada os nossos ouvidos. Deixo algumas frases pelos prelectores:

- "O que sobressai no exemplo de Cristo tanto para o homem como para a mulher é a renúncia." Manuel Alexandre Júnior.
- "Deus reduz o seu foco na família de Abraão para a partir daí abençoar todas." Zane Pratt.
- "Quando se conhece Deus, teme-se Deus." Jaime Marcelino.
- "A função da disciplina é trazer a criança para dentro do círculo de sucesso e vida longa que a obediência é." Ted Tripp.
- "É impossível aprender Teologia e não responder em adoração e missões. Se o fizemos é porque não aprendemos Teologia." Zane Pratt.
- "Ninharia é o que resta quando não se perdoa." Jaime Marcelino.
- "O serviço é um meio eficaz de pregação intercultural do Evangelho." Zane Pratt.
- "Todos os problemas do ser humano são problemas de louvor." Ted Tripp.
- "A maior tarefa dos pais é recomendar a grandeza de Deus à geração seguinte." Ted Tripp.
- "A educação cristã dos filhos é uma questão de transmissão de deslumbramento." Ted Tripp.
- "Nenhum de nós se pode tornar velho para as boas novas." Zane Pratt.

terça-feira, setembro 04, 2012

Ouvir
O cristianismo expulsa o fatalismo do não vale a pena porque tudo vai ser arrasado. Por causa da destruição futura os cristãos são chamados a edificar. O sermão de Domingo passado aqui.

segunda-feira, setembro 03, 2012

Na despedida do Pr. Teo Cavaco da Igreja Baptista de Moscavide
Na hora de assinalar o fim do ministério do Pastor Teo na Igreja Baptista de Moscavide não é suposto que fale com imparcialidade. Não somos neutros com pessoas que transformam a nossa vida. Também porque sou sobrinho do Pastor Teo não devo sequer tentar descrever a sua importância para mim. Mesmo que quisesse não tinha como. Mas posso e devo dizer alguma coisa acerca do ministério que durante perto de 12 anos desenvolveu na Igreja Baptista de Moscavide.
Os lugares onde o Pastor Teo está tornam-se lugares onde cristãos se encontram. Tornam-se também lugares onde cristãos trabalham. E, por consequência, tornam-se lugares onde as vidas de cristãos podem ser transformadas. O Pastor Teo acredita que o serviço cristão não é um desfile de egos mas um caminho de muita gente. Por isso das primeiras coisas que fez ao chegar a Moscavide não foi tomar conta de todas as tarefas. No que diz respeito às necessidades que a juventude tinha, rapidamente se apercebeu que a Igreja lucraria com a presença de alguém que o ajudasse. E é aqui que Deus permite que Moscavide se torne no início de 2002 a minha igreja e futura da então minha noiva, Ana Rute. Com os adolescentes e os jovens na nossa agenda também a música passou a fazer parte do trabalho.
Moscavide foi durante estes anos um lugar onde cristãos se encontraram e fizeram família espiritual. A minha família em particular nunca poderá olhar para a Igreja Baptista de Moscavide de uma maneira qualquer porque a Igreja Baptista de Moscavide foi a nossa casa. E se isso foi possível deve-se ao facto de Deus ter usado a visão do Pastor Teo. Foi assim para nós mas para muitas outras pessoas.
Moscavide foi durante estes anos um lugar onde cristãos trabalharam. Encontraram objectivos e tarefas, triunfos e derrotas, provação e bênção. Nem sempre foi fácil porque a obra de Deus nem sempre é fácil. Mas no final destes 12 anos de ministério do Pastor Teo os que não trabalharam tiveram de se esforçar para isso. Porque onde o Pastor Teo está, está também trabalho para fazer. Para mim pessoalmente nem tudo foi sucesso: gostava de ter visto o grupo de jovens crescer. E reconheço que podia ter feito mais. Mas também nos consolamos olhando para eles, com tantos firmes na fé e inclinados para novos empreendimentos espirituais.
Moscavide foi durante estes anos um lugar onde vidas de cristãos foram transformadas. Para este último exemplo quero dizer aquilo que no nosso coração é óbvio. A prova que Moscavide foi um lugar de transformação é que gerou uma igreja nova. Multiplicou a sua medida de fé para que outros cristãos possam hoje autonomamente juntar-se a essa aventura de anunciar o Senhor Jesus aos que não o conhecem. Haverá prémio maior para quem prega fielmente a Palavra de Deus? Creio que não.
Por isso subscrevo as minhas palavras de agradecimento ao Pastor Teo com a ousadia de o fazer não em nome pessoal. Assino-as em nome de uma comunidade de 16 membros e perto de 40 pessoas na congregação. E quando falamos do Pastor Teo falamos naturalmente de toda a Família Cavaco. Sobretudo da Madalena, coadjutora que o Senhor lhe apontou. Mas não esquecemos a Ester, agora servindo nova família e igreja, e o Rúben. Todos eles foram quem nos apontou o caminho.
Queridos irmãos, com lágrimas de gratidão, certamente imitando aquelas que Paulo recebeu dos Efésios em Actos 20, recebam as maiores bênçãos da Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica. A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam convosco. Amén