sexta-feira, agosto 31, 2012

O sermão de próximo Domingo em SDB
Os discípulos mostram-se deslumbrados com a arquitectura do Templo e Jesus responde com demolição (Marcos 13:1-8). "Não vai ficar pedra sobre pedra." O que teremos para aprender com este diálogo? Talvez que o desmoronamento de um edifício impressionante nos chame mais a confiar em Deus que a celebrar destruições vingativas futuras. Os cristãos não são Nostradamus das desgraças mas construtores de esperança.

quinta-feira, agosto 30, 2012

Skate e Basket
Como li há uns tempos não sei onde, ser do skate não vinha de um desejo de apurar uma determinada sensibilidade desportiva. Pelo contrário. Ser do skate era desprezar afirmar-se pessoalmente a partir de uma perícia física. Embora fosse conveniente que quem andasse de skate soubesse andar de skate, ser do skate era rejeitar tirar identidade de uma proeza desportiva.
Trago duas dificuldades com o skate hoje. A primeira, a de ser pouco habilidoso e portanto mais um skater de coração que de acção. A segunda, a de me irritar que o skate se tenha tornado em boa parte uma espécie de amontoado de truques de equilíbrio (ollies com variações múltiplas e termos específicos). Talvez por isso vê-se já uma reacção que corta com o esquema de hamsters pedalando em gaiolas que era tão popular até há pouco. E com isto reconheço que a moda dos longboards e agora das miniboards, alargando o espectro da expressão skater, trazem também uma razoável expressão de ridículo. Mas tudo bem, desde que termine o poderio opressor dos skateparks (um skater real detesta limites) e dos chapitôs do skate (um skater real detesta malabarismos).
Isto tudo para acabar no basketball. Ao contrário do skate, o basketball trouxe-me no princípio dos anos 90 uma pequena medida de adequação desportiva. Não que fosse um grande jogador (coisa que efectivamente nunca fui em qualquer tipo de coisa) mas estava muito longe de ser um mau jogador. Tendo em conta que a tabela que pressionei o meu Pai para me comprar e colocar no pátio das traseiras e que me proporcionava mais de uma hora de exercício diário me ter permitido um lançamento pronto e uma ousadia para ganchos com efeitos surpreendentes juntos dos meus amigos, o meu desempenho no basketball foi o mais próximo que cheguei a de ser bom em desporto. Vinte anos depois ainda sinto a doçura do basket na boca porque os amargos foram poucos. Agora que acabei de ver o documentário sobre a Dream Team que o Sami me aconselhou sinto-me absurdamente inclinado para fazer de duas décadas uma pequena pausa para voltar a mostrar todas as limitadas mas eficazes possibilidades que o Criador colocou neste engenho desportivo do meu corpo. Vou comprar uma bola. Em breve falamos. O tom correcto está próximo deste vídeo que junta os meus actuais heróis teológicos ao campo onde a magia pode sempre acontecer.

T4G 2012 Teaser: The Game from Together for the Gospel (T4G) on Vimeo.

quarta-feira, agosto 29, 2012

Ouvir
A fé não se sustenta no improvável que pode acontecer mas no improvável que já aconteceu. O sermão de Domingo passado aqui.

terça-feira, agosto 28, 2012

O fim das férias com a Conferência Bíblica em Água de Madeiros
Com o fim da Conferência Bíblica em Água de Madeiros este Sábado, finaliza também o período de férias. Foram óptimas. Algumas notas sobre a Conferência:

- Depois de sairmos da Conferência Bíblica chego a ter vergonha de não termos planeado ir. Ou seja, fomos porque uma oportunidade surgiu à última hora, pela qual estamos muito gratos ao Pr. Mário Jorge Marques. A Convenção Baptista Portuguesa, cooperação de mais de meia centena de igrejas baptistas portuguesas, está de parabéns pela iniciativa. Valerá a pena investir ainda mais na divulgação e preenchimento da Conferência, evento ímpar no calendário dos evangélicos do País e dos baptistas em particular. O Fernando Ascenso, que dirigiu com a Connie Duarte e o Rubens Nascimento em parceria eficaz, continua numa forma invejável. O Fernando é um dos meus mestres mas já não estava num Acampamento dirigido por ele há mais de vinte anos. A sensibilidade do Fernando é uma bênção, aguda em reconhecer histórias redentoras nas pessoas com quem se cruza. Todas essas histórias repetem o padrão da história maior: a de Jesus que se deu em nosso lugar.

- Creio que boa parte da minha geração, educada em Acampamentos que dividiam o auditório em grupos mais pequenos de debate (vulgarmente chamados mini-grupos), tornou-se algo desconfiada deles. Receamos que o pretexto da conversa redunde num best of facilitista de desabafos e pouco mais (quem quer assistir a mais um fórum da TSF?). No entanto devo reconhecer que a experiência dos mini-grupos na Conferência Bíblica foi muito positiva. A interacção compensou.

- O Dr. Shedd vai inaugurar na nossa casa uma parte da parede dedicada a fotografias da família com teólogos. Obviamente que tirámos um retrato com ele e agora no sleep till Piper. Houve tanta coisa que nos impressionou no Dr. Shedd que enumero apenas algumas: esteve durante todo o tempo da Conferência nas instalações do Acampamento Baptista onde dormiu num quarto sem luxos; durante todo esse tempo manteve-se disponível para conversar com qualquer pessoa que o abordasse; não falhou uma única actividade, até as mais lúdicas; o modo magnânimo com que respondeu a questões teológicas potencialmente divisórias foi uma escola para mim, que ainda derrapo demasiado para o kung-fu; as palestras foram informativas, instrutivas, tranquilas, humoradas, sugestivas, fundamentadas e persuasivas, entre outras qualidades; quando falou no seu passado e na sua passagem por Portugal no final dos anos 50 explicou com clareza que a ida para o Brasil foi uma decisão tomada por razões de maior alcance missionário (e se dúvidas tivesse sobre o assunto bastou atestar no facto de ter partilhado uma frase dele no Facebook que em poucos dias foi um êxito de partilhas precisamente por causa dos meus amigos brasileiros da rede); reavivou em muitos uma urgência de evangelização a partir de um testemunho cristão sincero e de um envolvimento com a carência social dos que nos cercam; e interpelou sempre amigavelmente o nosso Caleb mesmo quando o nosso impertinente filho de dois anos e três meses lhe respondia com um desaforado "pára!".

- Nos últimos tempos tenho lido sobre a importância de resoluções pessoais. Sendo nós tão agressivamente ambíguos estamos assustados com a ideia de tomarmos decisões às quais nos mantemos fiéis. A fidelidade hoje pode ser a suprema rebeldia. Como calculam, I'm on it. Tomei duas durante o tempo da Conferência Bíblica: 1ª, ler a Bíblia toda durante o ano (começando em Setembro). Continuamente era esmagado durante o período dos mini-grupos pela literacia implacável da irmã Cacilda da Igreja Baptista de Matosinhos. Ora, a irmã Cacilda é pouco mais velha do que eu, não tem formação académica em Teologia e sabia genealogias do Velho Testamento e episódios das igrejas do Novo Testamento como ninguém. O segredo do sucesso dela? Esse mesmo, tão simples que temos vergonha de o reconhecer: passa a vida a ler a Bíblia. A segunda resolução é cortar na internet e no Facebook em particular. As redes sociais são coisas extraordinárias em alguns aspectos mas não estou a conseguir sobreviver-lhe em termos de mordomia do tempo. Logo passo a permitir-me visitar o Facebook uma vez por dia e não mais. Sei que ainda é um horizonte miserável mas Deus é bom e vai ajudar-me (façam favor de me contactar por mail para o tiagooliveiracavaco@gmail.com e evitarem o do Facebook).

- Os Baptistas em Portugal andam à rasca procurando por novos pastores. Provavelmente, desde a chegada da denominação ao nosso País, através de cidadãos britânicos comerciantes de Vinho do Porto há pouco mais de 120 anos, que a situação não era tão complicada em termos da proporção do número de ministros para o número de igrejas. A Conferência Bíblica, não tendo como objectivo falar do assunto, não fugiu à conversa durante os períodos de intervalo. O número de pastores era lá elevado e de origens e contextos diferentes. Um desabafo que partilhei com muitos colegas foi: não deixem os novos entregues a si próprios. Carecemos desesperadamente de mentores e mestres, homens que nos ajudem mas que também nos dêem na cabeça fraternalmente. Hoje a tentação é um alheamento fácil nos modelos estrangeiros que ficam à distância de um click. Não tenho nada contra esses modelos (no caso de SDB temos sido incrivelmente abençoados pela Gospel Coalition dos Estados Unidos) mas não faz sentido ficarmos simultaneamente distantes dos que combatem a mesma luta ao nosso lado. Este Verão foi uma grande oportunidade de comunhão com outros com mais experiência que não quero espantar, antes pelo contrário. A aventura da qual fazemos parte não é apenas individual: é à escala do Universo inteiro. O Senhor Jesus não faz as coisas por menos.

sábado, agosto 25, 2012

Amanhã

Que é o último Domingo de Agosto.

sexta-feira, agosto 24, 2012

Ouvir Shedd II
Dias imensos estes. Ontem à noite em ocasião de perguntas ao Dr. Shedd a coisa foi mais ou menos assim:

- A salvação pode perder-se?
- Depende de quem o salvou. Nunca no caso do Deus que predestinou antes da fundação do mundo os seus eleitos.

Hoje de manhã tive o privilégio de entrevistar o Dr. Shedd. Comprámos livros, pedimos autógrafos, tirámos fotografias com ele. Tudo coisas insuficientes para traduzir a presença de um gigante.

quinta-feira, agosto 23, 2012

Ouvir Shedd II
- "Integridade também é a consciência de que quando pecamos é contra o próprio Deus."
- "O Templo ensinava que a aproximação de Deus é perigosíssima. É isto que leva Pedro a pedir que Jesus se afaste dele na Pesca Maravilhosa. Precisamos de voltar a sentir temor de Deus. Hoje em dia, por contraste, tendemos a pensar que Deus não se preocupa com a nossa pecaminosidade."
- "Não é preciso ensinar uma criança a ser egoísta."
- "A pergunta é: odiamos ou amamos o pecado? Odiamos o que matou Jesus?"

terça-feira, agosto 21, 2012

Ouvir Shedd
Temos o privilégio de voltar a estar em Água de Madeiros na Conferência Bíblica. O convidado é o Dr. Russel Shedd e está a ser fantástico. Para os cristãos evangélicos o Dr. Shedd não precisa de grandes apresentações. Tem uma carreira académica e editorial incontornável no mundo de língua portuguesa.
Já o ouvimos em três palestras. Deixo apenas algumas frases que tiveram impacto em mim:

- "O Novo Testamento não tem vergonha de chamar os cristãos de escravos."
- "Tiago (o autor da epístola) reconhece-se como uma pessoa sem direito sobre si próprio."
- "Não é pecado pedirmos a Deus que nos livre dos espinhos da carne."
- "Uma pessoa provada nesta vida leva uma felicidade maior para a próxima."
- "A oração é um reconhecimento de que nos falta alguma coisa."
- "Precisamos de procurar junto do inventor das crianças a maneira como tratá-las."
- "O desafio que os pais devem sentir em relação aos filhos: as vidas deles darem certo na perspectiva da eternidade."
- "Um filho pode reconhecer que recebeu uma educação dos pais apenas tarde na sua vida."

segunda-feira, agosto 20, 2012

Descansar é essencial porque trabalhar é muito bom
É-me difícil faltar à igreja num Domingo. E é suposto que seja difícil porque é suposto não faltar à igreja num Domingo. Desde que o trabalho em SDB começou em 2007 houve uma única vez que não estive, por ter adoecido. Este foi o primeiro ano que não nos juntámos em Agosto à Igreja de Moscavide. Como já somos uma igreja autónoma cabe-nos estar abertos todos os meses. Como a minha família tirou férias em Agosto significa que durante dois Domingos não estaríamos na igreja. Deus sabe a mistura de amor de pai-galinha com inclinação para ser controlador que vai dentro de mim. Custa-me estar longe da comunidade por boas e más razões. O que só acelera a urgência de o experimentar e oferecer à igreja a pedagogia de férias ao seu Pastor e desenvolver no seu meio os dons espirituais que não façam do púlpito um exclusivo do ministro. O Ricardo, nosso presbítero, estreou-se a pregar e fê-lo muito bem (e até daí tirei lamento por não poder assistir a essa estreia - mas tinha de ser). Calhou que o segundo Domingo nos encontrasse em Oeiras e, portanto, com todas as condições para estarmos em SDB. Mas valia a pena manter a disciplina: resolvemos por isso visitar outra Igreja Baptista que nos fosse próxima e à qual nunca tivéssemos ido. A Igreja Baptista da Parede, dirigida pelo nosso querido amigo Pastor Santana, foi a escolhida. E foi uma bênção.
Até um profissional da religião pode ser tímido a conhecer outras comunidades e comigo é assim. Compreendo perfeitamente a vergonha de visitar uma igreja porque continuo a senti-la após 34 anos. Há uma vantagem se a comunidade for grande porque dá para nos misturarmos na multidão. E a Igreja da Parede para os padrões de SDB é grande. O anonimato também é engraçado porque um Pastor torna-se uma comum ovelha. Claro que por conhecer o Pr. Santana e alguns irmãos acabei por ser cumprimentado e apresentado a partir das nossas responsabilidades em SDB mas em nada retirou a frescura do hábito já distante de estar numa igreja descontraidamente a receber do ensino, louvor, oração e mensagem. Soube muito bem.
Os nossos miúdos acharam o máximo. A quantidade de pessoas, a dimensão da casa de oração, a música com guitarras eléctricas e bateria, as palmas durante os cânticos, a participação dos adolescentes que incluía vídeos, entre outras coisas. É irónico porque SDB, sendo uma comunidade de quase só gente nova, é provavelmente mais formal do que a maioria das igrejas baptistas que não tão tão jovens na congregação. Há uma diversidade na nossa denominação que vale a pena celebrar. Os evangélicos, e os baptistas em particular, podem ser bastante diferentes entre si na maneira de conduzirem o culto e isso não é mau. Relembrar isso é uma oportunidade para apreciar a identidade das comunidades irmãs e para apreciar a identidade da nossa própria comunidade. No meio de todos estes bons sentimentos também trouxe da Parede inveja pela quantidade de pessoas presentes (em Agosto a igreja estava cheia), pela pontualidade dos que estavam na Escola Bíblica Dominical (chegando antes da hora e não depois), pela energia dos adolescentes, pela diversidade étnica e etária, e pela existência de um obreiro auxiliar empenhado e disponível (o Ricardo Rufino que pregou tinha passado a semana num Acampadentro com os mais novos e ainda nos apresentou a Palavra com profundidade e contexto).
Por outro lado, é um privilégio desejar o fim das férias. Se Deus permitir, o último trimestre do ano será de novos desafios para SDB. Termos passado pela Igreja Baptista da Parede ajudou-nos a lembrar que não é o Senhor que depende do nosso trabalho mas o contrário: um pouco por todo o País muitos cristãos louvam-No e nós em particular queremos estar não destacados mas partilhando da mesma tarefa. Descansar é essencial porque trabalhar é muito bom.

terça-feira, agosto 14, 2012

Ouvir
No cristianismo a depressão não é derrota porque, num certo sentido, todo o cristianismo começa em depressão. O sermão de Domingo passado aqui.

segunda-feira, agosto 13, 2012

Acampamento Baptista de Água de Madeiros
Podemos chamar-lhe uma tradição de família: desde 2004 que passamos a primeira semana de Agosto no Acampamento Baptista de Água de Madeiros. Um grupo de cerca de 120 pessoas junta-se para passar tempo de férias que também é uma procura de aprofundamento na fé. Este ano, como no passado, estivemos envolvidos na organização. Cinco notas sobre o tempo que lá passámos.

1. O Pastor que dirigiu os estudos bíblicos foi o Joed Souza. A sua esposa, Ida Souza, encarregou-se do trabalho com as crianças. Não via o Pastor Joed, creio, desde que ele era um jovenzinho na Faculdade. A memória mais firme desse tempo é o de estarmos juntos a ver um jogo de futebol num campo por relvar no Casal de S. Brás, numa época que a Amadora ainda era um destino desejado por famílias novas. Entretanto o Pr. Joed formou-se em medicina, foi consagrado Pastor, casou-se com a Ida, foi missionário na Ilha Terceira nos Açores e doze anos na Guiné, regressou ao Brasil (onde nasceu) e está há pouco mais de um ano a servir a Terceira Igreja Baptista de Lisboa. Foi uma bênção enorme ouvi-lo neste acampamento e colaborar com eles. São um casal com uma experiência obviamente única e que rapidamente conquista reverência e atenção. O Pr. Joed prega tranquila e firmemente, é teologicamente seguro e disponível, cativa sem precisar de grande alarido. Da minha parte e das pessoas da Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica que estavam no acampamento ficou uma vontade de ouvirmos os Souzas em nova oportunidade e com mais tempo para recolhermos do percurso único que Deus lhes tem concedido.

2. O tema do Acampamento era sobre a Família e o Pr. Joed deu o tom correcto na escala do alarme. Sou dos que concorda que hoje não é demais assustar os cristãos para as suas obrigações enquanto membros de família. Na minha curta experiência sei que o divórcio já não é uma coisa má que acontece com as pessoas que não têm fé. Por isso, e na parte que me tocava através dos sermões no culto da noite, fiz os possíveis para simplificar e insistir na fórmula: um bom cristão não pode ser um mau marido/mulher/pai/mãe/filho/filha. Ouvi algumas questões acerca da possibilidade de exagero nesta tónica mas a minha convicção é que é a própria Bíblia que coloca no lar o lugar que desqualifica os cristãos que armam na igreja a espiritualidade que não têm em casa. O tom pode ter soado pouco veraneante a alguns dos campistas mas também é isso que os Pastores são bons a fazer com as férias das ovelhas.

3. Água de Madeiros é um lugar incrível de bonito. Como a minha família paterna é da Marinha Grande conheço a zona desde que nasci. Desde o cheiro misturado de maresia com pinhal, passando pela água que não dá oportunidade de grandes intimidades (que mesmo assim ainda me permitiu entrar 4 vezes), até à proximidade de S. Pedro de Moel, uma vila (?) virtualmente perfeita. Quis Deus que os Baptistas achassem em meados do Século XX um terreno propício para férias e formação. Torna-se cenário de conversões e decisões importantes (foi lá que me decidi pelo baptismo), de primeiros namoros, de até algumas celebrações de casamento, e da transmissão de tradições aos nossos filhos. A partir da adolescência tornou-se habitual regressar do Acampamento com uma tristeza que se traduzia em lágrimas na chegada a casa. Hoje a nossa mais velha, de apenas 8 anos, começa a chorar ainda nas próprias instalações do Acampamento. Mas até essa nostalgia precoce, como o lugar que a provoca, tem de bonito.

4. Nunca fui um atleta mas também nunca me fechei a uma ciência que não domino. Das três vezes que joguei a alguma coisa no Acampamento ganhei sempre. Duas cabazadas no basquete (a modalidade que na adolescência me permitia alguns momentos de desforra à maioria mais atlética que eu) e uma no futebol. Quase que regressei convencido que o desporto tem interesse. Já me passou, claro.

5. O Pastor Jónatas Lopes foi a pessoa responsável pela direcção geral do Acampamento. É um trabalho sensível e que não dá intervalos. O tipo de função administrativa que pode envolver aconselhamento espiritual ou escoltas hospitalares. Foi uma estreia que promete futuro. A Família Lopes (mais a Filipa e os filhinhos Raquel e Samuel) serve na Igreja Baptista de Tondela, uma das mais antigas da denominação em Portugal. Não se esqueçam de orar por eles.

sexta-feira, agosto 03, 2012


Estimada Directora do Público,
Clara Barata, jornalista do Público, escreve hoje uma notícia tonta acerca da polémica à volta da opinião contra o casamento homossexual do dono do Restaurante Chick Fil-A que levou os Mayors de Chicago e de Boston a quererem proibir a chegada da cadeia de fast food às suas cidades. O título "A direita religiosa, o casamento gay e o frango que foi apanhado no meio" passa da notícia para o terreno da graçola onde podemos todos sair muito divertidos mas nada informados.
1. O Público erra quando diz que Dan Cathy disse à Baptist Press em meados de Julho que "Os EUA "estão a convidar o julgamento de Deus, ao virarem os punhos para Ele dizendo "sabemos melhor que Tu o que é um casamento"". À Baptist Press Dan Cathy afirmou uma posição a favor de casamento tradicional (curiosamente a mesma posição que o Presidente Obama teve até há três meses - ver aqui: http://www.bpnews.net/BPnews.asp?ID=38271). Numa entrevista um mês antes, aí sim, Dan Cathy falou no julgamento de Deus numa conversa em que o casamento gay não era o assunto (ver aqui: http://media18.podbean.com/pb/85f844020d766ee7ba3c2aede09349fb/50172374/blogs18/286401/uploads/KCSHOWpod24.mp3)
2. O Público parece usar preguiçosamente fontes americanas que já vêm filtradas sob uma perspectiva hostil à compreensão de alguma actualidade religiosa. Serei o último a defender que é possível informar de uma maneira neutra mas em matérias religiosas o desequilíbrio parece constante. O erro mencionado no ponto 1 já foi apontado ao New York Times e à Associated Press mas o Público parece caminhar sem qualquer pudor de verificar as suas fontes.
3. Provando a minha total parcialidade no tema, sendo Pastor Baptista (e portanto terreno pronto para a colheita da generalização com a "direita religiosa"), gostaria de encontrar no Público não um cuidado especial com a minha sensibilidade religiosa (coisa que um jornal não tem de assegurar) mas um cuidado especial com a sensibilidade jornalística (coisa que um jornal tem de assegurar). Claro que sempre que falamos de bom senso falamos de uma coisa razoavelmente imprecisa para que os códigos deontológicos permitam a liberdade criativa de contar os mesmos factos através de histórias diferentes. Esse é um produto feliz da imprensa livre e que o Público providencialmente usa. Como explicarei então que eu, entre outros portugueses evangélicos que se podem sentir próximos dos americanos evangélicos, me sinta constantemente caricaturado em títulos, expressões e atalhos jornalísticos que rapidamente arrepiariam os cabelos de tantos mais se fossem usados para outra qualquer minoria, religiosa ou não?
4. Como prova última da minha parcialidade, é minha convicção que o Público emprega um dos jornalistas que mais tem feito por uma melhor compreensão da religião na esfera pública: o António Marujo. Será que era demasiado intrusivo da minha parte, enquanto mero leitor, sugerir uma maior entreajuda entre os jornalistas da redacção? Não duvidarei das intenções de Clara Barata mas desejo que entre ela e o António possa haver uma relação em que, ao contrário do título patusco urdido para esta notícia, nada seja apanhado pelo meio. Não para o bem dos leitores religiosos do Público mas apenas para o bem dos leitores do Público.
Com os melhores cumprimentos,
Tiago Cavaco.