quinta-feira, julho 31, 2008

Naus
A dez euros na Zara as mais frescas calças da estação. Azul marinho e amarelo pálido em corte justinho. Uma maravilha.
Onde está o iate, querida?

quarta-feira, julho 30, 2008

Nunca existiram
Manda o bom-senso que se use de prudência e humildade mas não há como contornar: o disco dos Pontos Negros que acabo de produzir não só será destacadamente um dos melhores do ano como edifica uma ponte para esse longínquo oásis da cantiga certeira do roque português. Os anos 90 nunca existiram.

terça-feira, julho 29, 2008

Lá perto
Já noutras ocasiões tenho escrito sobre a minha conturbada relação com a Alemanha. A Alemanha deu-me Lutero mas deu-me também Nietzsche e a certeza de que Deus chorou muitas lágrimas pelo Século XX germânico.
Ando de coração mais pacificado. Leio o Robert Walser e embora saiba que é suiço sempre anda lá perto.

segunda-feira, julho 28, 2008

Do sermão de Domingo passado
Isaque, filho de Abraão que Deus suscitou a Sara na sua velhice (tinha sido estéril até aos 90 anos), é circuncidado oito dias depois de nascer. A esta altura a circuncisão era novíssima, um trato que o Senhor tinha combinado com Abraão. Todos os seus descendentes deveriam ser circuncidados.
O vigor da tradição reside na frescura que Deus resolve preservar. A tradição é o frigorífico de Deus.

sexta-feira, julho 25, 2008

Amanhã Sábado
Há dose dupla de imprensa: Expresso e Diário de Notícias.
Está tudo a comprar.

quinta-feira, julho 24, 2008

Andamos em maré Cohen
Não a contrariemos.

I love the Lord I praise the Lord
I do the Lord forgive
I hope I won't be sorry
For allowing Him to live.

quarta-feira, julho 23, 2008

Hoje nas bancas
Está a Time Out onde muito brevemente falo sobre o "Regressa Coelho" do John Updike.

"Boa parte da literatura de ficção das últimas décadas dedica-se a exorcizar o Século XX. Isto tem provocado uma confusão frequente entre o ofício de escritor e o de sacerdote. Começamos a ansiar pelo exorcismo literário derradeiro - aquele que nos exorcizará de todos os exorcistas."

E depois falo bem do livro.

terça-feira, julho 22, 2008

Nas trincheiras da fala
Um estúdio é sempre uma espécie de bunker. Suspende-se o sol e suspendem-se os passarinhos. Constrói-se um mundo exclusivamente dedicado ao som. Nesse sentido é um universo um bocado protestante. Desprezando a imagem e obcecado pela palavra.

segunda-feira, julho 21, 2008

Ponto da situação
Ando em estúdio a produzir o disco dos Pontos Negros. As paredes são grossas, o ar-condicionado ágil e a banda veloz. Será uma das edições do ano. Só grandes canções. Curtas, objectivas, e P-O-P. Pop.

sexta-feira, julho 18, 2008

Vai

Vou eu, vai a minha mulher, vai o meu pai, vai o Pedro Mexia, vai o Samuel Úria, vai o João Bonifácio... com sorte até vai o próprio Leonard.

quinta-feira, julho 17, 2008

Semana de escolhas
Nesta semana temos de escolher de dois um judeu. Opto pelo septuagenário.

quarta-feira, julho 16, 2008

Já andava aqui a fazer falta

Um Patrick Petitjean.
Eu não deveria vir despejar os segredos macabros da família mas durante os anos 80 o meu pai fez umas quantas permanentes. E não andava assim tão longe disto.

terça-feira, julho 15, 2008

Do sermão de Domingo
Na passagem de Génesis 18 em que Abraão recebe três anjos e Sara ri ao ouvir que Deus lhe dará o tão ansiado filho aos 90 anos lemos também o modo como o Senhor se ofendeu. Com o descaramento daquela mulher em esconder com o humor a sua flagrante falta de fé. Deus, que se pela por uma boa piada, tem a noção das prioridades. O riso não é o centro da vida e é uma coisa séria passar ao lado das coisas mais importantes.
O sermão vem contra a corrente, bem sei. Mas cultivar a possibilidade de nos sentirmos ofendidos é também mantermos Deus por perto. Pior que uma pessoa que se leva demasiado a sério é aquela que nunca o faz.

segunda-feira, julho 14, 2008

É ir

sexta-feira, julho 11, 2008

Não é todos os dias
Em que podemos nas nossas orações agradecer por um concerto do Dylan. E amanhã comprem o Sol.

O Diário de Notícias é só para a semana.

quinta-feira, julho 10, 2008

No leitor de MP3
- Fleet Foxes, o primeiro EP e o álbum seguinte: talvez ninguém esperasse que esta década nos trouxesse simultânea paixão pelo canto harmónico (vozes, vozes e mais vozes todas juntinhas a cantar afinado) e pelo ruído. Os Fleet Foxes optam pelo primeiro caminho. Virem de Seattle (poderá nesta década vir alguma coisa boa de Seattle?) é uma provação vencida e o travo medieval surpreende. Esqueçam os Manowar. O sangue escorre agora destas espadas.

- The Cool Kids, o EP: se é verdade que os brancos se africanizam também é justo afirmar que há pretos a caminho da caucasianização (veja-se o caso de Lightspeed Champion). O regresso do Hip-Hop ao old school é sobretudo aprovado pela música independente por natureza branca. E se nos Estados Unidos a relação está equilibrada (porque o rap comercial ainda respira) já em Portugal é trágico que o melhor seja feito por um pula (Sam, The Kid, naturalmente).

- Cansei de Ser Sexy, o último: tenham paciência mas a graça das meninas (sim, meninas) era ultra-localizada e estava nas cantigas em português. Exotismo sazonal e uma miúda roliça descarada. Nada as distingue agora de outro electro-requentamento. A capa é, todavia, muito boa.

quarta-feira, julho 09, 2008

De novo
Com bonecadas aí ao lado. Antes das férias será a última actuação. Para quem tiver saúde e vagar. Próxima segunda a horas decentes (18.30h) e à pala.

terça-feira, julho 08, 2008

Os defeitos do pregador
É óbvio que o pregador não tem grande confiança no discernimento dos outros. Isto não implica que confie muito no seu próprio mas seguramente opta por ele.
Se é difícil viver com a convicção de que o nosso discernimento supera na maior parte das vezes o dos outros? Habituamo-nos. Com a providencial convicção de que o que segura o pregador não vem dele. Um dom. Do Céu. E isto clarifica que, assumindo o pregador a superioridade do seu discernimento, é impossível apelar a categorias tão fantasiosas como o mérito. O Evangelho superioriza e humilha. O pregador vive neste paradoxo.

segunda-feira, julho 07, 2008

Vão
Está nas bancas a Ler de Julho para a qual contribuí com um pequeno texto sobre "A Leitura Infinita - Bíblia e Interpretação" do José Tolentino Mendonça. Este número da revista traz a Margarida Rebelo Pinto, mulher elegante mas que dança sem grande destreza (naquele programa da Catarina Furtado deu um mau nome a todas as raparigas altas e magrinhas - do esbelto para o girafesco num tropeção). O lettering está no tom da sua pele, um castanho suave, um provável marrom acertadíssimo no Brasil. Temos uma relação entre a redacção e o grafismo a honrar a estação.
Leiam o livro do Tolentino Mendonça. Um dos livros do ano. Teologia. Pura Teologia. Mas com carinho pelos ignorantes da Palavra. Vão e não pequem mais.

sexta-feira, julho 04, 2008

Americanizado

Oh iéss.

quinta-feira, julho 03, 2008

Assunto espinhoso
Foi no meio do Século XIII que o Rei Luís IX da França, voltando de uma peregrinação à Terra Prometida, trouxe consigo uma relíquia da coroa de espinhos que Jesus teria usado. A partir daí o elemento integrou rapidamente todas as representações da crucificação.
Por que se armam as pessoas em ofendidas de cada vez que se fala da globalização?

quarta-feira, julho 02, 2008

Rule Britannia
Assim está bem.

terça-feira, julho 01, 2008

Do sermão de Domingo passado
Quando Jesus pergunta aos discípulos sobre o que pensava o povo acerca dele pergunta também logo a seguir o que pensavam eles próprios. A primeira pergunta é apenas um preâmbulo da última. E embora pudesse haver uma discrepância entre o que pensava o povo sobre Jesus e o que pensavam os discípulos, a nossa opinião sobre os outros é a nossa opinião sobre Deus. O pessimismo é o luxo do que não crê.